A introdução (ou exórdio) das respostas na prova oral pode, por um lado, ajudar a amadurecer as informações. De fato, é difícil lembrar, de ...

#Retórica

By | junho 03, 2024 Leave a Comment


A introdução (ou exórdio) das respostas na prova oral pode, por um lado, ajudar a amadurecer as informações. De fato, é difícil lembrar, de imediato e com fluência, os requisitos do ANPP. As cláusulas pétreas. Ou os pressupostos de existência e validade da relação processual. No entanto, a introdução pode, por outro lado, cansar quem escuta. Fatigar. Dar ensejo a interrupções. A linha é tênue entre uma contextualização (“locus controversiae”) e uma fuga temática (“mutatio controversiae”). O examinador questiona sobre a perda de mandato do parlamentar que quebra o decoro; o candidato, em resposta, tece informações concernentes às imunidades parlamentares e ao regime do congressista. Por 10 segundos? 20? 100? Não há uma métrica rigorosa; apenas há uma correlação: quanto mais longa a introdução, maior o cansaço.

Quintiliano, um grande sistematizador da Retórica no século I d.C., já advertiu a inconveniência de apresentar exórdio em determinadas circunstâncias, como, por exemplo, na hipótese de o interlocutor estar sobrecarregado e/ou o tempo disponível ser exíguo. Nesse sentido, basta pensar sob a ótica do examinador que pretende fazer 20 perguntas em 10 minutos. Isso se aplica mais especialmente se o examinador tem a disposição de fazer REperguntas, ou seja, ao dialogar com a resposta pretérita, aumentam-se as interações. 

Em verdade, o espaço que o examinador disponibiliza para o candidato é, em certa medida, reflexo do “projeto de arguição”: se só tem uma pergunta, tolera até informações impertinentes; se trouxe muitas, até informações pertinentes são sufocadas. Adaptar-se a diferentes situações comunicativas, reduzindo ou omitindo a introdução, é um aspecto do que Aristóteles chamou de “prudência” (phronesis). No famosíssimo “A Arte da Guerra”, Sun Tzu já ensinou: “para conhecer o seu adversário você deve tornar-se seu adversário”. Assim, uma resposta que pode ser adequada para um examinador com muitas perguntas pode não ser suficiente para outro que faz poucas.

 

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 Comments: