Não poderia ter texto melhor para trazer neste período de final de ano, de superação do difícil 2020: a trajetória da @licaetano, juíza do TJSP (1º lugar do 187) e ex juíza do TJPR!
É difícil comentar o texto sem dar spoiler, mas destaco que é um grande alento ler a trajetória da Lívia: de humanidade, de aprender a se entregar para as oportunidades e viver as experiências!!!
Essa postura - de não buscar atalho, mas viver para aprender mais, ser um ser humano melhor - cria um diferencial invisível: portas se abrem, criamos amizades inesperadas, redes de apoio, etc. Ser monitor ou estagiar sem ganhar nada financeiramente com isso são sinais de investimento em nós mesmos! Com essa mentalidade, a realidade se torna, na medida do possível, mais leve! Pois sempre estamos dando um passo à frente!
Parabéns, @licaetano!
Olá!!!
Após quase 3 anos de atraso, venho cumprir a minha palavra com o estimado colega e amigo Júlio Cesar e contar um pouco do caminho que percorri até a aprovação. O relato pormenorizado daria um livro, mas vou tentar resumir um pouco aqui para vocês.
De início, deixo o alerta de que quem ler o texto até o final não ficará sabendo de nenhum bizu mágico, de nenhum super-hiper-mega-blaster-método-de-estudo, não haverá lista com as melhores doutrinas em cada disciplina, nem nada de tudo aquilo que sei que esperamos encontrar quando dedicamos o nosso precioso tempo à leitura desses relatos de aprovados em concursos públicos.
Falarei um pouco sobre a minha trajetória nos estudos em busca da toga, sem prejuízo do aproveitamento de algo para quem deseja ser aprovado em cargos diversos.
Se aprendi algo ao longo da minha vida concurseira é que tudo é muito relativo, muito particular de cada um, além de envolver diversos outros fatores alheios às nossas próprias vontades.
Certo é que cada pedrinha surgida no caminho, na verdade, é uma oportunidade de aprendizado, de superação e de forjar o nosso eu para o exercício do cargo almejado, algo que só compreenderemos em um momento futuro.
O que posso dizer para os leitores – acredito que, em sua grande maioria, concurseiros, é que, hoje, depois de mais de 5 anos exercendo a judicatura, me sinto profissionalmente realizada. Sinto o prazer de ter alcançado um sonho alimentado desde os primeiros meses do curso de graduação em Direito e percorreria todo esse caminho até a aprovação quantas vezes mais fossem necessárias, mas a vida é tão maior do que isso!
A situação pandêmica vivenciada nesse ano de 2020 fez com que parássemos e refletíssemos a importância de ter tempo para quem amamos, para a nossa família – que é sempre a maior apoiadora dos nossos sonhos e/ou a nossa maior motivação para prosseguir. Em minhas redes sociais vi muitos concurseiros (amigos e ex-alunos) desanimados com os estudos e com a incerteza sobre o futuro, outros tantos listando os medicamentos de uso restrito que ingerem para potencializar o desempenho nos estudos e aumentar as horas de produtividade e alguns outros gratos pela chance de ficar em trabalho remoto e conseguir se organizar melhor para estudar um pouco mais e se preparar para as provas que estão por vir.
Essa fase dos estudos pode ser muito prazerosa ou muito angustiante, a depender de como podemos e queremos encará-la.
Eu, particularmente, sempre procurei encarar como algo que me gerava prazer. Sempre gostei de estudar, de buscar conhecimento em toda sorte de fontes – palestras, estágios (inclusive voluntários, um deles mais de duas horas distante da minha casa, literalmente “pagando para trabalhar”, já que, nesse caso, eu custeava o meu deslocamento e alimentação), longas conversas com profissionais mais experientes, grupos de estudos, etc.
Como eu cursava uma faculdade particular que muitos consideravam “fraca” e os recursos eram escassos, eu procurava aproveitar ao máximo todas as oportunidades que surgiam ao longo do caminho, escolher as disciplinas que eram ministradas pelos professores mais rígidos e com fama de exigentes, evitar faltar às aulas sem necessidade, pois sabia que um dia aquilo tudo seria útil de algum modo. E foi.
Essa minha postura transmitia uma ideia de comprometimento e responsabilidade para quem lidava comigo cotidianamente e isso me rendeu a oferta de boas oportunidades por parte de professores, tais como vagas de estágio, monitorias, entre outras, pois eles confiavam no meu modo de me conduzir academicamente e apostavam que profissionalmente eu não destoaria muito do esperado.
Depois de colar grau já estando aprovada no Exame da Ordem antes mesmo da conclusão da graduação, uma professora de quem fui monitora durante o curso me ofereceu, gratuitamente, o espaço do escritório pessoal dela para que eu pudesse atender aos meus primeiros clientes, usar a biblioteca dela, tudo isso sem ônus, algo que me tocou profundamente, pois vi, nesta atitude, que ela acreditada de verdade no meu potencial (inclusive, seguimos amigas hoje em dia e recentemente tive a grata surpresa de ser presentada com diversos livros que ela publicou nos últimos anos, o que mostra que os laços criados no ambiente acadêmico foram fortes e sinceros).
Lembrem-se, então, que o modo como nos colocamos diante do mundo desde sempre (escola, graduação, estágios, manifestações em redes sociais – pessoais ou em grupos de estudos ...) será, sim, objeto de lembrança por parte de terceiros no futuro, o que pode ser excelente ou pode não ser tão bom assim. Kkk
Ao longo do caminho dos estudos outras oportunidades de trabalho surgiram e tentei aproveitá-las ao máximo. Fui, conciliadora, fui juíza leiga por mais de 3 anos no TJRJ, fui residente no Escritório Modelos da UERJ, advogava autonomamente, cursei a Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e fiz pós-graduação lato sensu na UFF.
Tudo isso me possibilitou cruzar com diversas pessoas maravilhosas que se tornaram amigos verdadeiros e tantas vezes me ajudaram com palavras de incentivo, me ajudaram a perceber como eu já estava mais próxima de realizar o meu sonho sempre que eu reprovava por poucas questões ou poucos décimos e cogitava que a magistratura não seria para mim, me ajudaram com empréstimos de livros e códigos atualizados e também com as suas companhias e com bons causos e risadas ao longos de inúmeras viagens a trabalho ou para fazer provas de concurso.
Ah, que tempo bom! Quantas lembranças boas e quantos bons amigos-irmãos a vida concurseira me trouxe... porque, sim, é possível construir uma amizade sincera com o seu concorrente, afinal, como se diz por aí, concorremos apenas com nós mesmos.
Estudei bem direitinho durante os 5 anos de faculdade, sempre lendo as doutrinas indicadas pelos professores (mesmo que não lembrasse muita coisa delas algum tempo depois rs) e depois de me formar ainda estudei mais 5 anos e meio – boa parte deles de modo não eficiente para mim, até que eu passasse no primeiro concurso da magistratura, que foi a minha aprovação no TJPR.
Nessa época eu também havia conseguido avançar para a prova oral no TJAP (sendo que acabei nem indo fazer a inscrição definitiva nesse caso, pois o valor para custear os exames físicos e viagens até Macapá estava totalmente fora das minhas possibilidades financeiras naquele momento e, graças a Deus, havia saído o resultado do TJPR e eu havia sido aprovada, de modo que não valeria a pena todo o esforço físico e financeiro para fazer a prova oral do TJAP tão somente para incluir mais essa aprovação no meu currículo, afinal, não era isso o que eu buscava).
Mas, reitero, cada qual tem o seu tempo até a aprovação e, depois que passamos, esse tempo de espera faz todo o sentido para nós, por uma série de motivos.
Sobre os estudos, reitero o que já vem sendo dito por muitos aqui no perfil do Júlio: não há método infalível, não há quantidade de horas mínimas de estudo diário para a aprovação, não há livro perfeito.
Desde a minha época de graduação já existia um “mercado concurseiro predatório”, com muitos professores e cursinhos se vangloriando de seus feitos e assegurando que poderiam nos auxiliar a abreviar o caminho até a aprovação. Mas esse auxílio sempre custava caro (ao menos, para mim, caríssimo) e eu fazia das tripas coração, fazia drama com a família, fazia “bicos”, fazia de tudo para ter acesso aos cursos e materiais, pois acreditava que aquilo que era ofertado seria a chave para a minha aprovação, seria aquela coisinha que estava faltando!!!
E não era... nunca era... a frustração, então, era enorme, a culpa pelo dinheiro gasto também. Paralelamente, ia batendo um leve desespero ao entrar no saudoso Fórum CW ou nos grupos de estudos do Facebook e vir a galera “conhecida” comentando sobre quantas horas haviam estudado ou costumavam estudar ou sobre quantas milhões de questões haviam acertado na prova e sobre as oscilações da nota de corte da 1ª fase dos concursos a cada minuto. Gente, que angústia!
Como sempre precisei trabalhar, em alguns dias eu estudava mais, em outros menos, mas a certeza que eu tenho é de que a cada tempinho de folga que eu tinha eu tentava estudar alguma coisa. Acordava, em regra, às 5:00h durante os dias de semana e costumava ir dormir sempre após a meia-noite, então, lia “lei seca” e fazia questões objetivas do livro do Wander Garcia durante os trajetos nas barcas, nos ônibus e na van que pegava para me deslocar durante o dia entre os meus locais de trabalho. Conforme eu ia lembrando de temas novos que estavam “na moda” ou de temas sobre os quais havia lido por alto em algum lugar e haviam sido cobrados ou teriam potencial para serem cobrados em futuras questões dissertativas, eu imprimia artigos sobre esses temas na internet, colocava em uma pastinha e deixava dentro da mochila que me acompanhava ao longo do dia, assim conseguia ir lendo aos poucos.
A sorte é que, como sou muito conversadeira, fui percebendo, em papos com os diversos amigos que vinham sendo aprovados na magistratura, que eu tinha alguma bagagem e estava afiada com a jurisprudência e com as leis novas, mas buscava estudar apenas do modo que outros me diziam que havia dado certo para eles, e não do modo que parecia mais adequado para mim e me dava a sensação de render mais, que era o meu “método-não-método”, o meu estudo desorganizado, sem divisão de matérias, sem divisão de tempo de estudo para cada matéria, sem cronogramas, sem coach, sem revisão, sem nada, no melhor estilo “tudo ao mesmo tempo agora”, mas que acalmava o meu coração, porque funcionava para mim... rs.
E eu sempre gostei de fazer os meus próprios cadernos, especialmente durante a graduação e no início dos estudos para concurso. Isso me ajudava a fixar a matéria, mas, de tanto ouvir os colegas me dizendo que isso era “perda de tempo”, acabei deixando a prática de lado por uns meses e me arrependi demais!
Costumava, também, ler a página do “Dizer o Direito” (informativos eu acompanhava por ela, salvo em vésperas de prova, quando havia algum pequeno atraso nas postagens, em que recorria diretamente aos sites do STF e do STJ para ler os infos atualizados) e alguns sites jurídicos de notícias. Mais ao final dos estudos, já cansada, passei a dedicar boa parte do meu tempo útil de estudos à resolução de questões objetivas no site “Qconcursos”, pois era essa a minha maior dificuldade nas provas e achei que, no meu caso, isso foi muito importante para a compreensão do “espírito das questões”, para aprender a ler os enunciados com atenção e a responder exatamente ao que foi questionado, o que me ajudou, inclusive, nas fases posteriores (discursivas e prática de sentença).
E nesse balaio de gato havia ainda alguns grupos de estudos no Facebook, grupos de e-mail do yahoo (retrô) – equivalente aos grupos de Whatsapp de hoje. Conseguia me organizar minimamente para não me perder nas redes sociais e verter tempo demais para os grupos, então, não saía deles (de alguns não saí até hoje, inclusive), pois, como o meu dia era muito corrido e smartphone era um luxo ao qual eu não podia me dar, conseguia me atualizar sobre as leis novas, sobre os novos editais em vista e decisões de repercussão de modo mais condensado através dessas ferramentas, além de interagir minimamente com colegas que compartilhavam interesses comuns (porque concurseiro só tem um assunto na vida, né, gente?).
Recomendo algum cuidado/critério com o ingresso em inúmeros grupos de estudos, pois o número de pessoas é elevado e muito heterogêneo o que pode desvirtuar a finalidade do grupo e gerar discussões paralelas ou animosidades que podemos evitar, sem falar no tempo que perdemos lendo as 835 mensagens sobre alguma notícia alheia ao mundo concurseiro, mas que a nossa curiosidade inata não nos permite ignorar solenemente para prosseguir com os estudos.
Como vocês podem notar, não seria possível fazer tudo isso todo santo dia e, como eu não sou adepta a cronogramas de estudo (porque não sou obrigada rs), acabava encaixando esses hábitos dentro das possibilidades surgidas no meu dia a dia.
Sobre os cursos preparatórios – presenciais ou online, digo apenas que é preciso que compreendamos que os cursos são instrumentos complementares para a aprovação. Ressalvados alguns casos pontuais, como é o caso de cursos preparatórios para a fase de prova oral, dadas as peculiaridades desse tipo de prova, da banca e das necessidades do próprio candidato, nenhum cursinho ou material vendido por cursinho vai te aprovar por si só... é preciso que tenhamos isso muito claro em nossa mente para que não nos cobremos demais e nos frustremos demais ao longo do caminho!
Os estudos sobre a produção acadêmica e sobre as decisões dos membros que compõem a banca examinadora sempre serão úteis em alguma medida. Se possível, optem por fazê-lo.
A idade do concurseiro não deve ser um problema, gente! Vejo sempre muitos se questionando sobre “estarem velhos para tentar o cargo X” e isso é uma bobagem completa. Nunca estaremos velhos para buscarmos realizar os nossos sonhos, para buscarmos conhecimento! Tive o enorme prazer de trabalhar com uma juíza do TJRJ que foi aprovada aos 62 anos de idade (era Oficial de Justiça antes). Uma pessoa maravilhosa, cheia de luz, que serviu como exemplo para muitos e que continua aí na ativa mostrando que faz o que quiser fazer e “dando baile” em muitos aprovados mais jovens. E ela não é a única aprovada com mais idade e nem será a última...
No mais, a aprovação decorre, precipuamente, do nosso esforço pessoal (sentar e estudar por nossa conta). Não adianta fazer todos os cursos que surgem no mercado às custas do nosso sacrifício pessoal ou do sacrifício de nossos familiares, nem adianta ter todos os cadernos dos principais cursos e mais 429 e-books – se não vamos conseguir ler tudo isso e absorver as informações de modo eficiente (ao contrário, a chance de nos confundirmos com informações distintas vindas de fontes diversas é enorme) ou fazer 50 mil questões objetivas em sites... a aprovação vem do somatório de um pouquinho de tudo isso e, principalmente, da nossa sanidade mental, da nossa sanidade física e da nossa maturidade.
E já adianto que, depois que passamos, os problemas da vida concurseira acabam, ficamos eufóricos, realizados, mas isso também passa! E, com a posse, surgem os dilemas do cargo, as questões administrativas para resolvermos, os embates entre servidores para mediarmos, os atendimentos às partes e advogados, entre tantas outras coisas igualmente cansativas, desgastantes física e emocionalmente, e para as quais, muitas vezes, não encontraremos respostas adequadas ou soluções imediatas, ainda que percamos noites de sono pensando no que pode ser feito.
E, perderemos, ainda noites de sono tentando colocar o trabalho em dia, bater as metas do CNJ, não superar os 100 dias de conclusão, isso tudo, muitas vezes, sem ter a assistência de alguém (minha situação atual que, aliada ao fato de ter me tornado mãe, me impediu de dar esse nada breve relato ao Júlio em momento anterior, pois no TJSP os Juízes Substitutos não possuem assistentes/assessores...fazemos tudo “na unha”).
Recomendo que tentem conhecer as condições de trabalho e a realidade prática daquele cargo almejado – o que variará conforme o estado ou conforme a ascensão na carreira.
Então, sejam razoáveis. Se permitam curtir um dia de folga, curtir a família, assistir uma série. A vida é muito curta para comprometermos a nossa saúde, o nosso convívio social ou condicionarmos as nossas realizações pessoais – casamento, filhos, viagens, em função de uma aprovação em concurso público, no meu modesto entendimento.
Lembro, ainda, da importância da escrita correta, do capricho com a forma em que as respostas/sentenças são apresentadas ao examinador, da preocupação com o uso de termos tecnicamente corretos e também com a técnica de redação adequada durante a realização das provas discursivas, especialmente, e oral, ponto que é descuidado por alguns candidatos e que, atualmente, tem sido verdadeiro divisor de águas no momento das correções das provas, haja vista o “nivelamento” de muitos candidatos em termos de conteúdo jurídico, decorrência, talvez, da padronização dos métodos de estudo e da decoreba de gabaritos sugeridos por terceiros.
Por fim, não se iludam com relatos mirabolantes de aprovados (muitas vezes nem empossados). Costumava ficar ansiosa para ler os relatos no Fórum CW quando saía o resultado de algum concurso de magistratura e descobrir qual era o caminho para a aprovação, isso desde os tempos de graduação! Rs
Hoje a moda é passar e criar uma página no instagram para dar dicas de aprovação, dicas de estudo e disponibilizar/vender materiais. Cada qual com o seu cada qual, né? Mas acho isso muito engraçado. Confesso que criei um instagram “concurseiro” após passar no TJSP, mas porque muitos me mandavam direct no meu instagram pessoal pedindo dicas de estudos, como conciliar estudo e trabalho e tudo o que sempre queremos saber e, assim, para não ter que responder várias vezes a mesma coisa por direct, criei o insta com a intenção de postar essas “respostas” por lá, mas nem dei conta de fazer isso, pois o tempo dedicado ao curso de formação e às varas inicialmente assumidas consumiam todas as minhas forças de gestante gordinha e o insta ficou lá esquecido.
Enfim, descobri é que cada um de nós constrói a sua história de aprovação, trilha o seu caminho particular, no seu tempo, e está tudo bem com isso!!!
É claro que existem gênios e existem pessoas sagazes e de sorte, que passaram super rápido ou mesmo no primeiro concurso para a magis que prestam (tenho alguns amigos próximos que se enquadram nessas hipóteses), mas a maioria esmagadora passa lutando mesmo, se dedicando, chorando após cada pequena reprovação ao longo do caminho, mas perseverando e não se deixando abater quando as adversidades tentam nos derrubar ou quando alguém nos olha torto e nos diz que aquele lugar almejado não nos pertence!
Para quem não me conhece (a maioria), esclareço que, depois de já vitaliciada no TJPR tornei a estudar como concurseira e me inscrevi na prova do TJSP não por estar insatisfeita com a magistratura paranaense, Tribunal no qual aprendi muito sobre a judicatura e no qual fiz grandes amizades, mas, sim, por razões familiares – a logística das viagens do interior do Paraná para o Rio de Janeiro estava cada vez mais complicada e eu ficava muito sozinha e preocupada com os meus.
A aprovação de uma mulher, cotista racial, em 1º lugar geral, no maior tribunal do mundo, o que nem nunca ousei imaginar, repetindo o feito de uma conterrânea de Niterói-RJ (cuja aprovação serviu como inspiração para que eu prosseguisse em busca da aprovação em tantos momentos de fraquezas e de questionamentos), foi motivo de extrema felicidade e de profundo orgulho para mim.
É difícil para eu traduzir em palavras todo o significado que essa aprovação no TJSP teve para mim depois de tantos anos de luta, inclusive lutas travadas já enquanto magistrada, e o filme que se passou em minha mente enquanto, carregando o meu filho no ventre sem que a quase ninguém soubesse dessa novidade, olhava um mar de pessoas ali, o olhar emocionado de vários amigos aprovados e de seus familiares, e tentava não chorar enquanto lia o singelo discurso de posse que preparei de véspera com tanto carinho (queria falar improvisadamente e com o coração, mas achei que seria muita ousadia e resolvi escrever algo). Emoção. Apenas.
Destaco, a quem interessar possa, que o fato de ter sido a 1ª colocada geral foi resultado, preponderantemente, da minha pontuação na prova de títulos, reflexo, portanto, de todo o esforço empreendido desde os primeiros passos na vida dos concursos (lembram do trecho inicial em que falei sobre o fato de ter tentado sempre aproveitar todas as oportunidades que apareciam no caminho? Então...). Não sou nenhum gênio, não sou um ponto fora da curva em termos de inteligência, muito pelo contrário, sou super mega normal! Acho que quem me conhece bem talvez nem ainda acredite muito ou nem saiba explicar como foi que consegui chegar até aqui. Eu sei: Deus, Família, bons amigos e perseverança. Ajudem aos colegas de luta. Quando ajudamos alguém estamos, em verdade, ajudando a nós mesmos, de diversas formas. Acredito muito que tudo de bom que fazemos e que lançamos no mundo uma hora volta para nós e assim tenho, felizmente, comprovado ao longo da minha vida.
Neste dia de Natal, tirei um tempinho para escrever esse textão em meio a calmaria do Plantão Judiciário, talvez sem nada de muito útil, como avisei logo no início, mas que pode servir para acalentar o coração de algum concurseiro angustiado ou desesperançoso em virtude do excesso de informações e histórias de sucesso de terceiros que “não calçam os nossos sapatos”, mas que chegam até nós tão facilmente hoje em dia.
Espero ter contribuído de alguma forma, embora não tivesse, de fato, nada de muito especial para contar para vocês. Se quiserem trocar alguma ideia sobre concursos ou sobre a carreira, no que eu puder ajudar, me coloco à disposição (direct para o insta @licaetano2) e deixo essa mensagem simples, mas muito verdadeira, como um presente de Natal para você que teve a paciência de ler tudo o que escrevi: “Se você cansar, aprenda a descansar, e não a desistir”.
Sigam em frente, com esperança em um 2021 melhor para todos nós e busquem manter os pés no chão e a humildade após a aprovação, pois sei que ela chegará para quem continuar buscando realizar o seu sonho.
Sucesso e boas festas!!!
Lívia Antunes Caetano
*Texto com as devidas correções ortográficas decorrentes da empolgação durante o relato e com a atualização do meu instagram, pois, acabei colocando o meu insta pessoal, e não o de concursos - @licaetano2.
0 Comments: