Existem pessoas que só se propõem a estudar se tudo estiver rigorosamente no lugar: casa limpa, sem obra no vizinho, acordando no mesmo horário, etc. Quem é portador desse perfeccionismo de condicionar a execução de algo às “condições ideais de estudo” tem a maior tendência de CRIAR “tempos mortos”. Por ex., tendo a manha livre e se programando para estudar a partir das 7h, acaba acordando às 9h e, “porque começou mal”, desiste de começar naquele dia.
Um possível antídoto é ter consciência que estudar é um privilégio, isto é, de poder gastar um significativo tempo no presente dedicado totalmente ao futuro, enquanto no mundo muitos lutam para sobreviver. Ademais, as “condições ideais” não existem em lugar algum, nem após a aprovação. Em outro contexto, Zaffaroni, com propriedade, disse que, “dentro da relatividade do mundo, a impossibilidade do ideal não legitima a perversão do real”.
Há, por outro lado, o “tempo morto”, digamos, “inevitável”, que é também um grande problema para quem precisa estudar: tempo no trânsito, tempo em filas etc. Saber transformá-lo em algo útil é um desafio. Se, por necessidade, não puder deixar esse tempo morto transcorrer, vale a pena se valer de material menos INTENSO (baixa complexidade) para conseguir ter EXPOSIÇÃO a ele (conseguir ficar uns minutos lendo ou ouvindo). Eu optava por usar os "tempos mortos" não para estudar, mas sim para, na medida do possível, resolver burocracias no celular (contas, passagens, e-mail’s etc).
Se tiver condição de eliminar o tempo morto, porém, vale a pena se dar essa pequena adulação. Por ex., ao invés de cultivar o hábito de lanchar na rua depois do trabalho (caso em que há tempo morto para deslocar, estacionar, esperar o alimento ficar pronto e, depois, para pagar e retornar), o serviço de delivery traz significativo ganho de tempo, abrindo espaço até mesmo para entretenimento (assistindo a filmes enquanto a pizza não chega).
Em todo caso, o "tempo morto" é inevitável! O que me parece relevante é, diminuindo a idealização das "condições ideais de estudo", não sejamos nós os criadores dos "tempos mortos".
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