Não foram raras as vezes que vi pessoas que trabalham e estudam conseguirem ser mais produtivas do que aquelas que se dedicam integralmente aos estudos. Hoje muitos aprovados conciliavam o trabalho com os estudos, como foi, aliás, o meu caso. Mas como explicar isso se, aparentemente, essas pessoas têm menos tempo disponível?
No caso de quem trabalha e estuda, há a vantagem de ter tranquilidade financeira (indispensável para muitos que se sustentam) e, se atua na área jurídica, ter prática que ajuda a compreender a matéria. A desvantagem pela falta de tempo é suprida muitas vezes pela noção de escassez, isto é, a falta de tempo faz com que passemos a dar mais valor a ele. Conheço pessoas que, depois de começarem a trabalhar, passaram a render mais nos estudos. Por outro lado, o desafio é se organizar, de modo a separar um tempo rigoroso para os estudos na agenda e, nos intervalos, usar o que puder. A espera no médico certamente não é momento para ler algo muito intenso, mas algo de baixa complexidade pode ser contemplado nesses momentos.
No caso de quem se dedica exclusivamente aos estudos, a pressão financeira e/ou familiar pode ser um ponto negativo, mas o principal ponto negativo é que, sem a escassez, é sobremaneira fácil se ENTEDIAR. E o tédio flerta com um saber passivo, que pouco absorve. Por ex., a pessoa diz o nome para você e, em menos de 10 segundos, você não lembra... isso ocorre porque não há interesse, de modo que nem a memória de curto prazo funciona. A postura ativa, por outro lado, facilita a consolidação das informações. E a escassez tende a trazer maior interesse na execução das atividades.
Assim, em ambos os casos, me parece relevante adotar, na MEDIDA do possível, hábitos monásticos de que falei no post anterior, os quais facilitam a imersão no "estado de flow", brilhantemente tratado pelo Raphael em texto recente. E, no caso de quem só estuda, é mais relevante usar de metodologias ativas, como, por ex., resumindo oralmente o que aprendeu (isso cria busca ativa de informações, organizando-as e identificando os gaps do que foi lido), resumindo por escrito (o que, à evidência, não é sinônimo de ser prolixo) e/ou intercalando questões.
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