Caros colegas, em
tempos de tantas mudanças, compartilho um pouco da minha experiência em
conciliar o trabalho em home office com os estudos, algo que fiz durante toda a
minha preparação (de quase 4 anos). Desejo que possa ajudar de alguma forma.
A
primeira coisa é que os hábitos que queremos ter exigem de nós (1) paciência
(principalmente com nós mesmos) + (2) repetição + (3) passar do tempo. É raro
sermos extremamente produtivos imediatamente. É com o tempo que entranhamos
hábitos. Mas, para isso, é preciso tentar, tentar e tentar fazer a coisa certa,
tendo compreensão nos dias “ruins”. Dito isso, vamos ao que me auxiliou (com
algumas descobertas por tentativa e erro).
Começar o dia, após o café da manhã, com
algo que faça você se sentir bem e produtivo (não precisa ser algo
“complexo”, de longa duração). O que é esse algo, só você pode descobrir.
Durante uma fase, eu gostava de ler uns 45 de lei seca, porque sentia que já
começava com uma pequena tarefa feita (e ler a lei seca me é cansativo ao final
do dia). Pode ser uma meditação, uma atividade física... Ou até mesmo o
trabalho, se você o começar de manhã.
Manter uma rotina mínima. A complexidade do trabalho no meu dia é variável, não há como
trabalhar a mesma quantidade de horas todos os dias (às vezes se termina antes
do horário previsto, às vezes, depois). O que sempre me ajudou é deixar um
“turno”, uma “janela” exclusiva para o trabalho (por ex.: das 12h às 19h) e se
esforçar pra manter uma regularidade.
A importância das pausas. Acho que é desnecessário falar muito sobre! O cérebro rende muito mais
se fazemos pausas de 5, 10 minutos a cada X quantidade de horas
trabalhadas/estudadas. Vale sair do quarto e esticar as pernas, tomar uma água,
um chá, comer uma fruta. Cuidar para não se perder na pausa.
Ergonomia. Pense em
quantas horas do dia você passa entre estudos + trabalho e verá a importância
dela, pois a conta chega (como a dor nas costas...). Claro que ninguém mantém a
postura correta o tempo todo. Mas não é bom relaxar. Um apoio de livro ajuda a
não ler olhando para baixo (esses de Bíblia são baratinhos). E existem muitos
vídeos na internet ensinando ergonomia (por ex: https://www.youtube.com/watch?v=FFpOIbGjzF8).
Aqui cumpre
também falar do barulho, que às vezes vem da rua... Se for muito incômodo, há
alguns EPIs úteis (eventualmente, usava fone de espuma, por um tempo curto para
não machucar o ouvido). Sei de colegas que estudam com música clássica (nunca
tentei).
Higiene do sono. Caso você possa, não trabalhe no quarto em que você dorme. É uma
questão bem trabalhada pelos psicólogos, porque há um prejuízo ao sono. Dormir
bem é essencial para produzir melhor.
Ter seus rituais para “virar a chave”. Tem um post do Júlio aqui que fala bem sobre. Crie seu ritual.
Terminado o trabalho do dia, desligava o computador e ia pra cozinha fazer um
lanche, dar uma olhadinha nas notícias...
Uma coisa que me
ajudou é, fazendo tudo no mesmo cômodo da casa, estudar em uma mesinha e
trabalhar em outra. Foi uma forma física de marcar o propósito “psicológico” de
cada canto, de não “misturar” as preocupações e pendências. E, quando terminava
de estudar à noite, tentava não deixar a mesa bagunçada demais (a sensação de
sentar à mesa, organizada, para “recomeçar” no dia seguinte, é muito boa).
Muitos dizem que
é importante se vestir como se fosse trabalhar fora. Se te ajuda, adote. Mas eu
nunca abri mão de trabalhar com roupas confortáveis, uma das maiores vantagens
do home office. Isso porque se vestir “para sair” nada mais é do que um ritual,
que pode ser tranquilamente substituído por outro, com a mesma consequência
(“virar a chave”).
Ajuda dos familiares. Se você não mora sozinho, é importante conversar com as pessoas da sua
casa e explicar que você não está disponível quando está trabalhando ou
estudando. O home office acaba sendo um projeto em comum. E, como tudo na vida,
deve-se ter equilíbrio, não se alijando da convivência, mas reservando um tempo
para a família.
Programar-se com bom
senso. Ter metas reais de horário pra acordar,
estudar, trabalhar. Metas irreais fazem você se sentir um fracasso e criar um
ciclo ruim de improdutividade. Melhor é planejar e cumprir o possível.
Separar as atividades.
É difícil, mas tente não ficar pensando no
trabalho quando estuda, e vice-versa. Quando lembrava de alguma pendência e
estava estudando, por exemplo, anotava em um papel e levava para o teclado do
computador, para cumprir no próximo turno de trabalho. É uma maneira de
“limpar” a mente da preocupação, sabendo que você não vai esquecê-la.
Por
fim, importante é adaptar o que funciona pra você.
Nem todos podem
não estudar no quarto de dormir, nem todos podem ter duas mesinhas no mesmo
cômodo... E nada disso é obstáculo à criação de uma rotina funcional e equilibrada.
Não somos
máquinas. Às vezes não cumprimos o melhor para nós (por exemplo, atividade
física, que dispensa maiores comentários tamanha a relevância para a qualidade
de vida e mesmo para os estudos). Por isso, reitero a importância da paciência
e da repetição. Trate a si mesmo com gentileza. Não leve para os dias
posteriores a culpa por alguma falha no dia anterior. O tempo e a rotina vão te trazer mais
eficiência e qualidade, e você vai perceber que o home office, muitas vezes, é,
na verdade, um privilégio que muitos gostariam de ter.
Como disse
Saramago: não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
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