Como conciliar o home office com os estudos? - Por Chaiane Bublitz

By | abril 07, 2020 Leave a Comment





Caros colegas, em tempos de tantas mudanças, compartilho um pouco da minha experiência em conciliar o trabalho em home office com os estudos, algo que fiz durante toda a minha preparação (de quase 4 anos). Desejo que possa ajudar de alguma forma.
          A primeira coisa é que os hábitos que queremos ter exigem de nós (1) paciência (principalmente com nós mesmos) + (2) repetição + (3) passar do tempo. É raro sermos extremamente produtivos imediatamente. É com o tempo que entranhamos hábitos. Mas, para isso, é preciso tentar, tentar e tentar fazer a coisa certa, tendo compreensão nos dias “ruins”. Dito isso, vamos ao que me auxiliou (com algumas descobertas por tentativa e erro).
          Começar o dia, após o café da manhã, com algo que faça você se sentir bem e produtivo (não precisa ser algo “complexo”, de longa duração). O que é esse algo, só você pode descobrir. Durante uma fase, eu gostava de ler uns 45 de lei seca, porque sentia que já começava com uma pequena tarefa feita (e ler a lei seca me é cansativo ao final do dia). Pode ser uma meditação, uma atividade física... Ou até mesmo o trabalho, se você o começar de manhã.
Manter uma rotina mínima. A complexidade do trabalho no meu dia é variável, não há como trabalhar a mesma quantidade de horas todos os dias (às vezes se termina antes do horário previsto, às vezes, depois). O que sempre me ajudou é deixar um “turno”, uma “janela” exclusiva para o trabalho (por ex.: das 12h às 19h) e se esforçar pra manter uma regularidade.
A importância das pausas. Acho que é desnecessário falar muito sobre! O cérebro rende muito mais se fazemos pausas de 5, 10 minutos a cada X quantidade de horas trabalhadas/estudadas. Vale sair do quarto e esticar as pernas, tomar uma água, um chá, comer uma fruta. Cuidar para não se perder na pausa.
Ergonomia. Pense em quantas horas do dia você passa entre estudos + trabalho e verá a importância dela, pois a conta chega (como a dor nas costas...). Claro que ninguém mantém a postura correta o tempo todo. Mas não é bom relaxar. Um apoio de livro ajuda a não ler olhando para baixo (esses de Bíblia são baratinhos). E existem muitos vídeos na internet ensinando ergonomia (por ex: https://www.youtube.com/watch?v=FFpOIbGjzF8).
Aqui cumpre também falar do barulho, que às vezes vem da rua... Se for muito incômodo, há alguns EPIs úteis (eventualmente, usava fone de espuma, por um tempo curto para não machucar o ouvido). Sei de colegas que estudam com música clássica (nunca tentei).
Higiene do sono. Caso você possa, não trabalhe no quarto em que você dorme. É uma questão bem trabalhada pelos psicólogos, porque há um prejuízo ao sono. Dormir bem é essencial para produzir melhor.
Ter seus rituais para “virar a chave”. Tem um post do Júlio aqui que fala bem sobre. Crie seu ritual. Terminado o trabalho do dia, desligava o computador e ia pra cozinha fazer um lanche, dar uma olhadinha nas notícias...
Uma coisa que me ajudou é, fazendo tudo no mesmo cômodo da casa, estudar em uma mesinha e trabalhar em outra. Foi uma forma física de marcar o propósito “psicológico” de cada canto, de não “misturar” as preocupações e pendências. E, quando terminava de estudar à noite, tentava não deixar a mesa bagunçada demais (a sensação de sentar à mesa, organizada, para “recomeçar” no dia seguinte, é muito boa).
Muitos dizem que é importante se vestir como se fosse trabalhar fora. Se te ajuda, adote. Mas eu nunca abri mão de trabalhar com roupas confortáveis, uma das maiores vantagens do home office. Isso porque se vestir “para sair” nada mais é do que um ritual, que pode ser tranquilamente substituído por outro, com a mesma consequência (“virar a chave”).
Ajuda dos familiares. Se você não mora sozinho, é importante conversar com as pessoas da sua casa e explicar que você não está disponível quando está trabalhando ou estudando. O home office acaba sendo um projeto em comum. E, como tudo na vida, deve-se ter equilíbrio, não se alijando da convivência, mas reservando um tempo para a família.
          Programar-se com bom senso. Ter metas reais de horário pra acordar, estudar, trabalhar. Metas irreais fazem você se sentir um fracasso e criar um ciclo ruim de improdutividade. Melhor é planejar e cumprir o possível.
          Separar as atividades. É difícil, mas tente não ficar pensando no trabalho quando estuda, e vice-versa. Quando lembrava de alguma pendência e estava estudando, por exemplo, anotava em um papel e levava para o teclado do computador, para cumprir no próximo turno de trabalho. É uma maneira de “limpar” a mente da preocupação, sabendo que você não vai esquecê-la.
          Por fim, importante é adaptar o que funciona pra você.
Nem todos podem não estudar no quarto de dormir, nem todos podem ter duas mesinhas no mesmo cômodo... E nada disso é obstáculo à criação de uma rotina funcional e equilibrada.
Não somos máquinas. Às vezes não cumprimos o melhor para nós (por exemplo, atividade física, que dispensa maiores comentários tamanha a relevância para a qualidade de vida e mesmo para os estudos). Por isso, reitero a importância da paciência e da repetição. Trate a si mesmo com gentileza. Não leve para os dias posteriores a culpa por alguma falha no dia anterior.  O tempo e a rotina vão te trazer mais eficiência e qualidade, e você vai perceber que o home office, muitas vezes, é, na verdade, um privilégio que muitos gostariam de ter.
Como disse Saramago: não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
Grande abraço a todos.

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 Comments: