Trago hoje a trajetória de Alyne Sousa da Silva (@alyne_ssousa), aprovada para juíza do TJSP e aprovada para a fase oral (em andamento) do TJMT e TJBA. O relato da Alyne é muito interessante não só pela superação vivenciada, mas também pelo fato de quebrar mitos. O fato de ser egressa de escola pública e não vir de grande centro não foram motivos para deixar de ser aprovada em concurso extremamente difícil, como o de juiz do TJSP. Como bem disse a Alyne, "a sua origem não te torna “incapaz”: o que eu mais ouvi quando passei foi a surpresa das pessoas em ver uma estudante do interior do Estado do Pará, oriunda de escola pública, passar em um dos concursos mais concorridos do País. Ocorre que as barreiras geográficas, antes existentes quando o assunto era conhecimento, foram quebradas e hoje todos temos acesso aos mesmos livros/sites/cursos/DIZER O DIREITO. Temos pessoas oriundas de todas as classes sociais aprovadas no TJSP e isso mostra que o conhecimento não é medido pelo que você é, tem ou ainda do Estado do qual você veio". Parabéns, Alyne! Muitas felicidades!
Olá meus futuros colegas! É com muita alegria que divido com vocês um pouco de minha trajetória. Minha caminhada iniciou-se em 2008 quando fui agraciada com uma bolsa do PROUNI e saí da cidade de Parauapebas/PARÁ para cursar Direito na PUC em Goiânia/GO. Trabalhei durante toda a minha caminhada universitária pois, naquela época, a situação financeira não era das melhores. A vontade de ser juíza era algo presente desde o início do curso, um sonho inocente sem ter ciência das responsabilidades, mas eu sabia que as minhas ferramentas financeiras não ajudariam muito. Dessa maneira tracei um plano: vou estudar para ser servidora e depois torno-me JUÍZA. Ao terminar o curso de Direito, passei a estudar (muito) para galgar um cargo de analista ou técnico (auxiliar administrativo) e em 2015 tomei posse como Analista no Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
Entre erros e acertos de minha vida, essa foi a decisão mais acertada! Ser servidora me deu muito mais que independência financeira, me deu um certificado de “vocação”. Ao conviver diariamente com os processos eu percebi que de fato aquele desejo de ser JUÍZA era algo real, entre críticas e elogios ao Poder Judiciário eu queria fazer parte dele, mas queria ser mais que um “braço” queria ser um membro. O marco da minha vida começou em 2017 quando percebi que estudar sem profissionalizar não adiantava muito; assisti inúmeros vídeos sobre “como estudar” e comecei, como quase todo mundo, lendo muito a lei seca e sinopses. Em 2018, eu reprovei na primeira fase do TJCE e na segunda fase do TJRS. Em 2019, reprovei na primeira fase do TJPR e consegui habilitação para oral de SP, MT e BA, conseguindo êxito na prova oral do Tribunal Bandeirante.
Ao final deste percurso e dizendo a vocês o que gostaria de ouvir quando comecei é que façam seu DIAGNÓSTICO. Muitas pessoas relataram a mim que eu, ALYNE, passei rápido demais e conversando com essas mesmas pessoas e observando a experiência de outros colegas, percebi que o meu diferencial foi realmente me preocupar em melhorar meus defeitos. Uma prova não existe apenas para te habilitar, existe também para apontar seus pontos negativos, afinal passa quem erra menos e não quem sabe tudo. É preciso, portanto, ter uma certa frieza diante das reprovações e avaliar onde você candidato (a) tem “pecado”, já que quanto mais o tempo passa a ideia é que você evolua no seu conhecimento. Além disso, percebe-se, pelas provas em geral, que há um núcleo de predileção do examinador, não sendo necessário que o candidato tenha um conhecimento total do Edital, pois há temas que nunca serão cobrados em prova e ter essa percepção acelera os estudos e aumenta as chances de êxito.
Por fim, quero dizer aos meus futuros colegas é que busquem acreditar em vocês e tentem, dentro do possível, livrar-se dos “mitos”:
1) a sua origem não te torna “incapaz”: o que eu mais ouvi quando passei foi a surpresa das pessoas em ver uma estudante do interior do Estado do Pará, oriunda de escola pública, passar em um dos concursos mais concorridos do País. Ocorre que as barreiras geográficas, antes existentes quando o assunto era conhecimento, foram quebradas e hoje todos temos acesso aos mesmos livros/sites/cursos/DIZER O DIREITO. Temos pessoas oriundas de todas as classes sociais aprovadas no TJSP e isso mostra que o conhecimento não é medido pelo que você é, tem ou ainda do Estado do qual você veio, ou melhor, como diz o Júlio, “não temos Pontes de Miranda nos concursos”.
2) Você não precisa estudar 12 horas líquidas para ser aprovado: eu não sei quem inventou esse número, mas posso dizer que esse é, talvez, o maior mito. O estudo e a absorção do conhecimento envolve regularidade e respeito a sua própria capacidade cerebral; não adianta estudar de modo intenso em um dia e no outro estar exausto. O estudo deve virar rotina, assim como no trabalho. Trabalhei durante toda a minha preparação e ter um local em que eu saía do meu universo “concursal” foi a melhor terapia.
3) Tenham (busquem) inteligência emocional: evitem, dentro do possível, dividir com quem não tem importância os seus projetos. Observe que quem quer seu bem não pergunta o que você está fazendo e sim como você está. Durante os meus estudos eu optei por me preparar em silêncio, salvo amigos e familiares de extrema confiança, as demais pessoas mal sabiam que eu estava em 3 (três) provas orais. Quando me perguntavam eu mentia ou desconversava; sempre imaginei o estudo como uma partida de futebol, não dá para fazer o gol e ficar o tempo todo correndo para torcida porque a concentração vai embora e prejudica o resultado do jogo. Então, concentre-se no seu sonho e divida-o com apenas quem esteja ali para te ajudar, não deixe terceiros colocar “água” no seu projeto.
4) Tenham pressa de se preparar e não de passar: a diferença é que colocar datas nos nossos sonhos pode nos conduzir a frustração. Se olharmos por outro ângulo e pensar que “quanto mais eu me preparar mais chances eu terei” a angústia do grande dia será diminuída e a vontade de aprender e acumular conhecimento será o grande motor dessa caminhada.
Enfim, desejo a todos que estão nesta caminhada muita PACIÊNCIA para entender que o seu momento também está submetido a vontade de Jesus, nosso salvador; HUMILDADE pois o teu conhecimento não te torna melhor que outra pessoa e RESILIÊNCIA para aguentar os inúmeros “NÃOS” e COMPROMISSO com o teu projeto pessoal, pois se qualquer coisa for capaz de tirar da tua trajetória, é preciso repensar se essa é de fato a verdadeira vontade do teu coração.
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