Trago a trajetória de Bruno Monnerat (@bruno_monnerat), aprovado para promotor do MP-RJ. Bruno comenta algo bem interessante a respeito de um fator que tende a facilitar a aprovação em menor tempo: a boa base nas principais matérias. Isso, sem dúvida, ajuda muito a compreender mais facilmente os temas e a digerir de maneira mais palatável o conteúdo das leis e da jurisprudência. Além disso, outro ponto que Bruno lembrou muito bem é que, embora exaustiva a rotina de estudos, ela é compensatória: "eu nunca vi ninguém que foi aprovado dizer que se arrependeu de estudar, mas já vi muita gente que desistiu se arrepender de não ter estudado tudo aquilo que deveria"! Obrigado, Bruno!
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Júlio César pelo convite para escrever para os seus seguidores. Espero que, mesmo que da forma mais singela possível, possa ajudar os colegas concurseiros a alcançar o sonho da aprovação.
Sou formado pela UFF, na qual tive uma base muito boa, que foi essencial para a aprovação. Aliás, para os leitores que estão na faculdade, minha principal dica é: aproveitem o máximo a faculdade em todos os sentidos, ou seja, para irem em festas, conhecer gente nova e se divertirem, mas também para estudar muito e pegar matérias com os melhores professores, ainda que sejam “carrascos”. Isto porque, acredito que os principais elementos para uma aprovação em tempo menor que a média são: a) uma boa base, formada ao longo da faculdade, relativa às principais matérias cobradas no concurso que você deseja; b) muita disciplina de estudos após sair dela.
De qualquer forma, após me formar, logo me matriculei na EMERJ, que é um curso presencial para a carreira da magistratura. Apesar de ter disciplina para assistir cursos online, sempre achei que me faria bem sair de casa e conhecer pessoas novas, até porque, ao sair da faculdade, sabia muito pouco sobre a vida de concurseiro e tinha poucos amigos que estudavam para concursos.
Contudo, logo percebi que um curso presencial coloca alguns problemas à sua frente. O principal deles é a ausência de flexibilidade, pois, ao contrário do ensino à distância, não é possível escolher o momento ou as matérias sobre as quais você assistirá aula. Isto, muitas vezes, inviabiliza que o candidato siga os tradicionais métodos de estudo.
Assim, com o passar do tempo, fui montando meu próprio método de estudos, que consistia em: a) Assistir aula pela manhã, no curso presencial; b) Após o almoço e até 16h, revisar o conteúdo dado na aula que assistira no período da manhã, complementando com jurisprudência e doutrina; c) Entre 16h e 21h, revisar outras matérias que percebia que estava esquecendo, assim como fazer questões. Nos fins de semana, buscava ler os informativos que haviam saído durante a semana, fazer questões e continuar revisando matérias que já havia aprendido, para que não tivesse qualquer “buraco” naquilo que eu já havia estudado.
Acho importante frisar que os fins de semana são essenciais para estudar, já que a diferença de aprendizado entre estudar cinco ou sete dias por semana é brutal. É claro que, em algumas hipóteses, é impossível estudar durante o fim de semana, principalmente por causa de eventos como casamentos, churrascos etc. Porém, acho muito importante evitar perder dias inteiros de estudo, ainda mais levando em conta que, muitas vezes, tais eventos te levam a perder o dia do evento em si, assim como o dia seguinte, em virtude de cansaço.
Além disso, na EMERJ, assim como na grande maioria dos cursos presenciais, tínhamos férias. Muitos usavam as férias para viajar, sair, fazer qualquer coisa menos estudar. Contudo, sempre entendi isso como um erro de planejamento. É evidente que viajar ou sair com os amigos por alguns dias para rebobinar é bom, saudável e, até mesmo, necessário, porque sabemos que vida de concurseiro não é fácil. Por outro lado, usar as férias inteiras para relaxar, deixando de lado os estudos, implica na perda do seu ritmo de estudos, assim como na perda de tempo precioso para revisitar matérias que você já estudou e, ainda, em deixar de aprender coisas novas.
Visivelmente, meu método de estudos era bem rigoroso. Praticamente no meu tempo livre em casa eu somente estudava. É claro que saía com minha namorada e com os meus amigos, mas quando estava em casa, sozinho, minha vida consistia em estudar.
Com a base que formei durante a faculdade e seguindo esse método de estudos, após cerca de um ano e meio, comecei a perceber que estava batendo na porta da segunda fase. Deixei de ir para a segunda fase por um ponto mais de uma vez (PCMG, DPRJ, TRF-2), mas, pouco tempo depois, consegui ser aprovado para a segunda fase no MPRJ e no TJMG.
A partir daí, apesar de a disciplina de estudos ser basicamente a mesma, embora costumasse “puxar” os estudos um pouco mais, até 22h ou 23h, a depender do dia, a abordagem de aprendizado passou a ser totalmente outra. A base para fazer uma prova de primeira fase eu já tinha, mas era necessário aprofundar certos temas para a segunda fase.
Contudo, como, em geral, o tempo de estudo para a segunda fase é curto, esse aprofundamento não pode ser anárquico, mas sim direcionado para aquilo que a banca mais gosta, com uma análise pormenorizada dos temas de afeição de cada examinador. Por isso, recomendo que os colegas comprem cursos de segunda fase que tenham professores que sejam membros daquela carreira específica para a qual você está prestando concurso. Isto já facilita uma abordagem dos temas que têm maior probabilidade de cair numa prova discursiva.
A segunda fase do MPRJ é dividida em quatro provas realizadas em dias distintos, cada prova englobando três matérias. Na verdade, são quatro subfases dentro da segunda fase, pois se você for reprovado em uma prova você já não fará as provas subsequentes. Comprei um curso diferente para cada prova, mas em todos havia ao menos um professor integrante do MPRJ, e essas aulas foram essenciais para a aprovação.
Após a aprovação na segunda fase do MPRJ, chegou a tão temida prova oral. Não há como frisar o quão importante é um acompanhamento de oratória e de preparação mental para a prova oral. Na verdade, a prova oral é basicamente responder, em voz alta, num auditório com examinadores e plateia olhando para você, muitas perguntas que, se fossem colocadas numa prova discursiva, os candidatos pensariam que são razoavelmente tranquilas, salvo uma ou outra questão que realmente exige um conhecimento bastante aprofundado do candidato.
Eu tinha bastante dificuldade em falar em público, então me matriculei o mais rápido possível em um curso de oratória e também passei a treinar com os colegas de concurso do MPRJ. No final das contas fui perdendo meus medos e passando a tratar como razoavelmente natural a questão de falar em público.
Nos dias das provas orais, é inevitável ficar nervoso ao extremo, pensando no que pode dar errado, seja gaguejar, travar, desmaiar, passar mal, errar tudo, sua perna tremer e você cair etc. Contudo, no final das contas, se você tiver um domínio do conteúdo, souber como se portar diante de uma banca examinadora e conseguir domar, dentro do possível, o seu nervosismo, a chance de você ser aprovado na prova oral é altíssima.
Por isso, repito, quando você for convocado para uma prova oral, não hesite em procurar um curso de oratória ou um profissional capacitado para acompanhamento para prova oral, porque isso será verdadeiramente essencial na sua aprovação. De verdade, eu falava muito mal em público, mas com muito empenho nos treinos, o acompanhamento na oratória, e, sem dúvidas, muita gana de ser aprovado, fui bem na prova oral, mesmo que o tempo entre a convocação e a prova oral não tenha passado de um mês e meio.
Colegas concurseiros, foi essa minha trajetória até a aprovação no MPRJ. Foram muitas horas em que assisti aulas, fiz questões, li cadernos, doutrina e jurisprudência, pensei se era isso mesmo que queria fazer, se realmente iria passar etc. São horas de incerteza e solidão, mas tudo vale a pena e repetiria mil vezes se fosse preciso.
Por isso, eu digo: Se você sonha em ser aprovado, não desista e estude o máximo que você conseguir. Utilize o máximo de horas livres para se esmerar em fazer o melhor possível para conseguir aquilo que você deseja. Eu nunca vi ninguém que foi aprovado dizer que se arrependeu de estudar, mas já vi muita gente que desistiu se arrepender de não ter estudado tudo aquilo que deveria.
Além disso, sempre me pautei em uma frase que li certa vez: Você não precisa ser o mais talentoso, mas você não tem nenhuma desculpa para não ser a pessoa mais dedicada. E levei isso pra vida de concursos, no sentido de que certamente não seria o mais inteligente, mas que não havia razão para não dar tudo de mim com vistas a alcançar o sonho de ser aprovado.
Enfim, se dediquem, estudem, deem o seu melhor, porque uma hora vocês também serão aprovados. Demore muito ou pouco tempo, todos aqueles que se dedicam em busca do sonho de ser aprovado conseguem chegar lá. É clichê, mas é verdade: Só não passa quem desiste.
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