Seguindo ainda na temática de ROBOTIZAÇÃO e na série sobre prova oral (parte 5), outro ponto em relação ao qual a naturalidade tem sido esquecida diz respeito ao olhar e ao gestual. Quanto ao olhar, é comum, no mercado de prova oral, se exigir do candidato que olhe fixamente para a banca, pois, ao olhar para cima/baixo/lados, estar-se-ia, segundo dizem, a denunciar que está pensando ou não sabe. Além disso, no plano do gestual, exorta-se a adoção de certo modelo ou arquétipo.
O que importa na comunicação formal, sob o aspecto do olhar, é o contato razoável com o(s) interlocutor(es), o que não significa permanente! A título de exemplo, há pequeno vídeo logo abaixo de Barack Obama, que é considerado um grande orador. Nele é possível perceber o Barack Obama olhando para baixo/lateral para pensar, o que, de forma alguma, significa que ele tenha perda de autoridade na comunicação.
Outro ponto relevante é que os candidatos em prova oral raramente se valem de GESTUAL inadequado, como o gestual agressivo (dedo em riste, por ex). O que importa no ponto é deixar fluir, sempre de forma visível, o gestual que a pessoa já possui (e é pedagógico), seja ele no plano da mesa, seja ele mais alto. Obama, no vídeo, aponta para os próprios dedos e abre as mãos. Podar isso do candidato, impondo, no lugar, um modelo atrairá um gestual que tende a ficar ESTÁTICO (a pessoa dificilmente “lembrará” de fazer algo que NÃO está automatizado), INCOERENTE (com movimentos que não se coadunam com o conteúdo/ritmo da fala) e GASTO DE ENERGIA (ao invés de se preocupar com o que mais importa, que é a construção de boas cadeias de raciocínio, passa-se a olhar se as mãos se mexem constantemente).
Uma metáfora pode ajudar: imagine uma pessoa que já saiba dirigir há muito tempo e que, por qualquer razão, tenha que dirigir nos “moldes” da autoescola, fazendo balizas com objetos como referência e passando a marcha com certos intervalos. Essa pessoa, que até então dirigia bem e sem causar acidentes, provavelmente deixará o carro morrer, pois abandonou a automaticidade e, em seu lugar, incorporou modelo que, para ser eficiente, leva muito tempo, tal como sucede com nosso gestual.
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