Trago hoje a trajetória da Kamila Vanelli (@kamilavanelli), promotora do MP-PR. O relato da Kamila evidencia uma das raras relações com uma instituição: entrou no MP-PR como voluntária em 2003 e, por diversas razões, teve a coragem de pedir exoneração do cargo de assessora na instituição em 2018 para, em 2019, ingressar como promotora! Como bem disse a Kamila, é necessário persistir/insistir, "sobretudo naqueles momentos em que conferimos o gabarito e ... mais uma reprovação pra conta! Tudo normal, tudo dentro do esperado!". Afinal, precisamos de apenas uma aprovação, e não de uma coletânea! Aproveito para agradecer pelas palavras da Kamila, que foi aluna do curso presencial para a prova oral do MP-PR, quando percebi uma turma anormalmente vocacionada para o cargo! Parabéns por tudo, Kamila! Você merece!
A minha trajetória nos concursos, penso, não é muito diferente daquelas já contadas por aqui! Todas, sem dúvidas, são permeadas de perseverança, disciplina e renúncias (muitas, aliás). Mas talvez eu possa contribuir um pouco com a minha história! Em 2002 eu entrei na faculdade, e acho que não tinha tanta certeza daquilo que queria ser “quando crescesse”! Mas em 2003 comecei estágio voluntário no MPPR! Foi amor à primeira vista (nenhuma outra frase expressaria tão perfeitamente o que sinto pela Instituição). Desde então o MP passou a ser meu objetivo profissional! Me formei e tive a oportunidade de conhecer outras carreiras: advoguei, assessorei uma juíza, enfim, de tudo um pouco! Mas meu coração sempre palpitou mais forte pelo MP.
Fiz alguns cursinhos durante os três anos de prática jurídica. Pequei, hoje eu vejo, por não estudar tanto quanto deveria, mas penso ter acertado por não ter me acomodado nesse período. Em 2011 fiz meu primeiro concurso para o cargo de Promotor de Justiça. E o resultado? Lastimável! Digno pra qualquer um cogitar seriamente em desistir! Isso porque, se um de lado sabemos que “concurso público” se trata de opção; de outro, sabemos o quanto é desgastante não só pra nós mesmos (e principalmente), mas também para aqueles que estão a nossa volta. Por isso cheguei inclusive a focar na magistratura, pensando que o MPPR “não era para ser”. Fiz, inclusive, vários outros concursos em razão disso: delegado estadual, analista, escrivão. Tive muitas incertezas durante todo o caminho, tive vontade de desistir, chorei, me desesperei.
Mas em meio a tudo isso, algo em mim me impulsionava. Não conseguia me conformar em permanecer no meu cargo de assessora, o qual, embora muito bom, por ser comissionado, não me oferecia nenhuma garantia. Não fosse isso, eu sempre acreditei que podia e merecia mais que isso. Então todas as vezes em que pensava em desistir, logo me matriculava em algum cursinho, buscando ao máximo preencher o pouco tempo que tinha livre. Alcancei um significativo avanço em minhas notas já em 2012 (sempre tive muita dificuldade com prova objetiva); contudo, nos anos que se seguiram, especialmente 2013 e 2014, minhas notas voltaram a cair e eu me via cada vez mais distante do meu sonho! Ainda assim continuava firme, sempre estudando e trabalhando. Na época estava casada, então tentava conciliar estudos, trabalho e vida pessoal. Não tinha muito tempo de estudo por dia, então buscava aproveitar os sábados e domingos, principalmente conferindo maior atenção às matérias que tinha mais dificuldade.
Além disso, sempre que sobrava um tempinho no trabalho eu tentava dar uma lida no material. Até que em 2016 cheguei muito perto de ser aprovada na primeira fase do concurso dos meus sonhos! Faltaram 3 ou 4 questões. Foi aí que me animei novamente, e segui firme no meu objetivo! Em 2017 mais uma vez me aproximei da nota de corte, mas confesso que levar pra conta outra reprovação me deixou na dúvida sobre o que eu deveria realmente fazer. Em 2018 passei por alguns problemas pessoais, me divorciei, mudei de casa, enfim. Um turbilhão de coisas acontecendo, e então no mês de agosto eu tomei a decisão que talvez tenha sido a mais difícil até agora: pedi exoneração do cargo de assessora do MPPR, Instituição que abracei desde 2003.
Dei “um tiro no escuro”, mas achei que era o momento. Prometi pra mim mesma que seria o último concurso, e que acaso não desse certo, como nas outras 6 vezes que já havia feito, eu iria partir pro plano “B”, que eu não fazia ideia de qual seria. Comecei os estudos no mês de setembro, acordava todos os dias às 6h (por vezes até antes), inclusive finais de semana, e tentava estudar o máximo que conseguisse. Havia dias que meus estudos rendiam 10h, mas também havia dias que 1h era muito. Buscava, então, naqueles momentos em que estava me sentido mais cansada ou distraída, a estudar as matérias que tinha mais afinidade, pra não desmotivar. Procurei, também, ajuda espiritual. Tenho certeza que Deus me deu a força que precisava pra não desanimar. Em outubro de 2018 abriu edital do MPPR, primeira fase em janeiro. Mantive o foco e a determinação, estudei nas vésperas do natal e do ano novo.
Minha família toda viajou pra praia e eu fiquei em Curitiba estudando. Fiz a prova no dia 13, e saí com aquela sensação de “não faço ideia de como fui”. Eu não tinha muita certeza se conseguiria passar, afinal até então eu nunca tinha sido aprovada na primeira fase, mas mesmo assim me matriculei num cursinho específico pra fase discursiva, e comecei a estudar como se já estivesse aprovada. Foi, sem dúvidas, a melhor decisão da minha vida! Se tivesse deixado pra começar a focar apenas após ter certeza do resultado, me sobrariam apenas 15 dias pra me empenhar, e esse tempo não teria sido suficiente. Fiz a segunda fase em fevereiro, 5 dias de prova, período da tarde! Eu acordava às 6h e estudava até as 10h30min, e depois ia me arrumar, comer, enfim, me preparar pra prova! Chegava em casa a noite e estudava o grupo de matérias do dia seguinte!
E assim seguiram-se os dias! O resultado? Ótimo, não fosse pela reprovação no Grupo IV! Eu tinha média pra passar, mas reprovei por décimos num único grupo, e pasmem, matéria de processo penal com a qual trabalhei durante anos. Recorri achando que não daria certo, mas deu. Fui para a oral, e nesse período acabei conhecendo alguns colegas que também haviam passado! Foi aí que me indicaram o curso do Júlio César. Foi apenas um final de semana, mas aprendi tanta coisa que saí de São Paulo com a sensação de que tinha sido um mês. O Júlio foi senão o melhor, um dos melhores professores que tive durante meus 8 anos de batalha. Aliás, foi ele quem me fez acreditar que era vocacionada, e que estava no caminho certo. Isso porque, quando o assunto é concurso, sempre sobra uma pontinha de dúvida.
Fiz a oral em agosto desse ano e obtive, ao final, o 10º lugar no concurso do MPPR. Tomei posse em outubro, e hoje não sei nem expressar a alegria e a satisfação que sinto de ser Promotora de Justiça. O começo da carreira não é fácil, mas também ninguém disse que seria. E a despeito disso, acordo todos os dias com a sensação de que tudo VALEU A PENA. Tive sorte? Acho que sim, aliás, um pouco é sempre essencial. Fui abençoada? Com toda certeza. Se teve algo ou alguém que nunca me abandonou foi Deus. Estudei? Muito, muito e muito! Certa vez um ex-chefe, e agora meu colega de MP me disse: “o conhecimento acumula”! E é a mais pura verdade.
Então, fica aqui um conselho: se o seu objetivo é ser aprovado seja lá qual for a carreira, foque, abdique de certas coisas, se dedique, seja disciplinado! Tenha fé, fé nos seus sonhos, fé na vida, fé na existência de uma divindade superior que te dá força e coragem (independentemente de religião)! Acredite sempre, e sobretudo naqueles momentos em que conferimos o gabarito e ... mais uma reprovação pra conta! Tudo normal, tudo dentro do esperado! Não se cobre demais e não deixe que os outros te cobrem, não deixe que seu sonho se torne um peso, uma necessidade! Esteja certo de que tudo tem seu tempo, tudo acontece por algum motivo, e que o “querer” e o “persistir” são os primeiros passos para quem quer alcançar seus objetivos.
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