Trago hoje a trajetória de Fernanda Vieira (@fernandavieira.fva), aprovada para Promotora de Justiça no XXXV Concurso do MP-RJ. A jornada da Fernanda revela como a disciplina é importante para a aprovação. Como bem disse, "com o tempo, eu fui entendendo que o meu maior problema era a ansiedade e não a profissão. Eu tentava me enganar, falando que não gostava de Direito, justamente porque o cargo que eu realmente queria (naquela época, magistratura) não era algo que viria do dia pra noite, e que exigiria muito esforço e dedicação". Outro ponto muito interessante da trajetória é que o grande "gargalo" para a Fernanda era a prova objetiva. Depois de superada, obteve a aprovação no MP de seu Estado! E não são raros os casos de pessoas que só fazem uma fase subjetiva e uma prova oral, porque o grande desafio era mesmo a prova objetiva. Obrigado por compartilhar sua trajetória, Fernanda!
Minha trajetória nos concursos começou antes mesmo de entrar na faculdade. Assim que escolhi fazer Direito, tanto meu pai quanto minha mãe me incentivaram a ir para a área pública, não só pelas atribuições, mas também pela qualidade de vida que ela me proporcionaria.
Fiquei com isso na cabeça e, durante os cinco anos de faculdade, tive certeza que faria concurso. Tanto é que me recusei a estagiar em escritórios e só trabalhei na Defensoria. Fiquei um tempo na área de família, com uma Defensora que, pra mim, foi uma inspiração, e, ali, tive certeza de que a área privada não se encaixava no meu perfil.
Antes mesmo de me formar, decidi fazer um curso na FESUDEPERJ, escola da Defensoria do Rio de Janeiro, que era sempre aos sábados, o dia inteiro. A duração era de 1 ano, se não me engano, mas não fiz nem metade. Nunca gostei de estudar aos finais de semana e, por isso, lembro que ia de mau humor, com a sensação de que “todo mundo estava vivendo” enquanto eu estava ali. Decidi sair. Apesar da escolha, lembro que essa falta de disciplina era uma coisa que me deixava insegura: como eu esperava passar num concurso, se não conseguia nem sentar aos sábados pra assistir aula?
Abandonada a FESUDEPERJ, me formei, em 2013, na PUC-Rio. No último período da faculdade, fiz um curso chamado PREMERJ, que é uma preparação para a prova da EMERJ – Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. O curso durava cerca de 4 a 6 meses e, logo em seguida, fiz a prova da EMERJ. Recebi a notícia de que tinha sido aprovada e me matriculei. Me formei em 2013.1 e, logo em 2013.2, comecei a EMERJ. Ali, aos poucos, mudei meu foco para a magistratura.
Nesse período também começaram as minhas crises com a profissão escolhida. Pra quem não sabe, a EMERJ é uma pós graduação com duração de 3 anos, com aulas todos os dias da semana e com provas frequentes. Devido a minha falta de maturidade, levei esse curso quase que como uma “segunda faculdade”. Ia para as aulas de manhã e, a tarde, praticamente não estudava. Sabe aquela coisa de “estudar pra passar nas provas da pós”?! Era isso que eu fazia.
Quando estava com 1 ano e meio de curso, tive minha primeira crise de querer desistir de tudo. Apesar de não estudar como deveria, eu me cobrava demais isso e não via como ter uma aprovação...não por falta de capacidade, mas sim por falta de disciplina. Pra mim, era impossível sentar e estudar por sei lá quantas horas por dia. Nesse meio tempo, passei a fazer cursos de doces, abri uma empresa (que levava junto com as aulas da EMERJ) e tinha certeza que, concluída a pós, iria cursar gastronomia.
Acontece que, com o tempo, eu fui entendendo que o meu maior problema era a ansiedade e não a profissão. Eu tentava me enganar, falando que não gostava de Direito, justamente porque o cargo que eu realmente queria (naquela época, magistratura) não era algo que viria do dia pra noite, e que exigiria muito esforço e dedicação.
Me formei na EMERJ em 2016.1 e, em Novembro de 2016, comecei um estudo sério para as provas. Estudava cerca de 9h por dia, mas tinha o final de semana livre. Demorou muito tempo, mas aos poucos fui realizando que aquela era a rotina que funcionava pra mim, e parei de me culpar por estar sábado na praia, mesmo sendo “concurseira”.
Em 2017 fiz minha primeira prova “séria” – TRF 2 (Rio de Janeiro e Espírito Santo). Fiquei com 58 pontos eu acho – sei que foi algo abaixo do mínimo para ser aprovada. Logo em seguida fiz TJPR e TJSC. Nesse último, minha pontuação foi muito boa, lembro que fiquei 2 ou 3 pontos abaixo do corte...e aquilo me animou.
O ano de 2017 foi praticamente todo assim...algumas notas próximas do corte, outras nem tanto. Em 2018, comecei o ano sentindo que estava com muito mais chance de avançar. Fiz a minha primeira prova, que foi MPBA. Pelo Olho na Vaga, eu estava dentro, mas, pra minha sorte, a prova foi cancelada.
Logo em seguida fui fazer MPMS e fiquei um pouco mais distante do corte, acho que uns 6 pontos. Finalmente teria a prova do TJRS e eu pensava que ali era a minha grande chance...afinal, eu estudava para magistratura, certo?! Resultado: minha pior prova daquele ano. Acho que fiquei com uns 8 pontos abaixo do corte. Lembro que nesse dia fui chorar no banheiro do restaurante, porque, na minha cabeça, eu só estava regredindo.
Uma semana depois do desastre do TJRS, fui fazer MPMG. Um único ponto foi o que me deixou de fora da segunda fase. Agora, relembrando isso tudo, vejo que só eu não percebia o quanto ia melhor em provas de MP, rs.
Finalmente chegou o dia do MPRJ. Não fiz absolutamente NADA de diferente para a primeira fase daqui. Fui apenas porque era no meu Estado, mas já sabendo da fama de ser “impossível” passar sem estudar só pra isso. Como a prova era discursiva, me senti bem fazendo e saí de lá confiante. Lembro que, logo em seguida, teria prova do TJMG, que era, naquela época, meu principal objetivo.
Um certo dia, estava estudando, quando descobri que tinha perdido a inscrição de MG. Chorei, chorei, chorei, e se alguém me contasse que a aprovação ainda viria em 2018, acho que ia rir. Pois bem. Algumas semanas depois, descobri que estava habilitada para a segunda fase do MPRJ.
Depois disso, foram 4 provas específicas e 4 bancas orais. E, por fim, a aprovação. Eu não sei porque, mas sempre disse que o meu “calo” eram as provas objetivas...e que quando ultrapassasse essa barreira, iria passar no concurso todo. E isso, de fato, aconteceu. Foi a minha primeira segunda fase, depois de mil frustrações na primeira. E deu certo.
Se eu pudesse dar um conselho para vocês, seria: não fiquem contando as derrotas. Se vocês já reprovaram inúmeras vezes na primeira fase, tudo bem, mas não deixem que isso se transforme numa ansiedade sobre quando será o momento da aprovação. Façam a sua parte que ela virá. Cada trajetória é única e ter resiliência é fundamental pra chegar até o final. Persistam.
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