Trago hoje a brilhante trajetória de Lenize Lunardi (@lenizelunardi), aprovada em 1º lugar do MP-MS, ex-promotora do MP-PR e MP-MG e aprovada no MP-MT. A Lenize passou por um dilema bem complicado nos concursos que é largar o trabalho - que, embora agregue conhecimento, toma tempo - para se dedicar com maior afinco aos concursos e formar base sólida. E a aprovação em 1º lugar do MP-MS (seu Estado) veio quando já não tinha muito tempo, em função do trabalho como promotora. Mas a base já estava formada! Como bem disse a Lenize, "a minha dica a você que está iniciando, no meio ou no final desta caminhada: seja ousado e corajoso, confie em seu potencial, tenha foco e dedicação e, principalmente, DESISTA só se for de DESISTIR". Parabéns pela trajetória, @lenizelunardi!
“Porque para Deus não haverá impossível em todas as suas promessas”. Começo a minha história com este versículo de Lucas 1.37, que me acompanhou durante toda a trajetória concursal e permanece hígido hoje em meu coração, após ter alcançado o sonho de ser Promotora de Justiça.
Bom, vou me apresentar. Meu nome é Lenize Martins Lunardi Pedreira, sou Promotora de Justiça no Estado de Mato Grosso do Sul. Decidi fazer a faculdade de Direito quando estava terminando o ensino médio. Escolhi Direito porque gostava da área de Humanas. Então, prestei o vestibular para Universidade Federal da Grande Dourados e consegui a aprovação.
Quando eu estava no segundo ano da faculdade, tive o meu primeiro contato com Direito Penal. Gostei muito. Então, levando em conta uma das atribuições mais conhecidas do Promotor de Justiça, que é o exercício privativo da titularidade da ação penal pública, comecei a me interessar por esta carreira.
No terceiro ano, iniciei minha caminhada. Comecei a fazer estágio voluntário na 4.ª Promotoria de Justiça de Dourados-MS e tive a felicidade de trabalhar ao lado de um Promotor de Justiça excepcional, que, desde sempre, orientou-me a estudar sem cessar e a desenvolver um trabalho de qualidade. Muito exigente, fez-me enxergar que qualquer processo, por mais simples que pareça, merece um estudo exauriente e, principalmente, o exercício do senso de justiça. Posteriormente, fui estagiária “concursada”, mantendo-me na 4.ª PJ.
No último ano da faculdade, no mês de agosto, surgiu um desafio. Fui convidada para ser assessora jurídica na 4.ª PJ. Entre os estudos de fim da faculdade, prova da OAB e monografia, uma grande responsabilidade veio à tona... Eu aceitei.
Os anos iam passando e eu apenas com uma certeza: o sonho de ser Promotora de Justiça. O trabalho como estagiária e assessora trouxeram-me a certeza que eu procurava. Eu sabia muito bem o que eu queria para o meu futuro profissional.
Como o trabalho tomava quase todo o meu tempo - e eu já sabia que seria assim mesmo antes de começar -, decidi economizar ao máximo o que ganhava, para que, em um futuro próximo, pudesse dedicar-me exclusivamente aos estudos.
Então, atuei dois anos como assessora jurídica e, quando achei que tinha uma quantia suficiente para “bancar” meus estudos por algum tempo, pedi exoneração. Esta etapa da minha vida foi bem difícil. “Largar” um bom cargo e arriscar-me sem nem mesmo ter passado na primeira fase do concurso foi uma decisão complicada, mas fundamental em minha vida.
Agora acho que chegou a parte esperada: como foi minha tática de estudo. Durante o período em que eu trabalhava como assessora, fiz um cursinho (intensivo do LFG, à época). Entretanto, por conta do trabalho, eu faltava muito e, quando ia, estava cansada. Então, tinha um material um pouco fraco, todavia, já era alguma coisa.
Imprimi o edital do concurso que eu idealizava (Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul) e fiz meu primeiro cronograma de estudos. No começo, eu estudava uma matéria por período, todos os dias (isto é, por exemplo: Penal de manhã, Civil à tarde e por aí vai); nos sábados e domingos, o estudo era menos intenso, pelo menos nesta primeira etapa.
Pois bem, então vieram as primeiras reprovações. O primeiro concurso que fiz foi o do meu Estado. Estava estudando há dois meses. Não consegui passar na primeira fase. Depois, fiz dois concursos em que tive um melhor desempenho, mas também não consegui ultrapassar a primeira fase (MP/SP e MPF).
Neste momento, eu percebi que estava estudando de forma não tão correta. É que eu nunca gostei muito de ler “lei seca”. Gosto de teorias e livros, porém, ler a “lei” e decorá-la nunca foi o meu forte. Só que eu vi que isto era preciso. Era o que faltava para eu conseguir os pontos necessários para ser aprovada na primeira fase. Então, li várias vezes a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso, o Código de Defesa do Consumidor, a Lei da Ação Civil Pública e outras leis específicas. De acordo com o edital, eu ia separando algumas leis que tinham maior incidência nas provas. Também li alguns livros daquela coleção da juspodvm de leis especiais para concursos, que ajudam a fixar bem a matéria. Como já mencionei, minha apostila da época do cursinho não era tão boa. Diante disso, com o tempo, eu fui enriquecendo ela. Colocava matérias de artigos científicos, livros e jurisprudência.
Então, em novembro de 2013, veio minha primeira aprovação na fase inaugural do certame, no Ministério Público de Goiás. O estudo para segunda fase baseou-se em apostila, alguns artigos interesses sobre temas pontuais, como, por exemplo, de autoria do ilustre Daniel Sarmento, livros em alguns pontos e jurisprudência por meio do site Dizer o Direito. No mais, li o livro “MP em ação”, da Juspodvm, para ter uma ideia de peças, principalmente cíveis, haja vista que já tinha experiência prática na seara penal. Não consegui a aprovação, mas já fiquei feliz com meu desempenho.
No início de 2014, saiu o edital para o concurso do MP de Minas Gerais. Eu temia este concurso porque, treinando questões, via quão aprofundada era a prova do “Parquet das Alterosas”. Decidi que iria estudar especificamente para o MP MG. Imprimi o edital, assustada, mormente com a parte de Difusos e Coletivos, que foge à regra dos demais concursos. Comprei um livro específico do sobredito tema e iniciei a caminhada.
Nesta época, resolvi mudar o meu cronograma de estudos, colocando um grupo de matérias por dia (isto é, estudava, em síntese, uma matéria por dia). Consegui a aprovação na primeira fase.
Na segunda etapa, participei de um grupo de estudos pelo facebook. Os integrantes eram ótimos; trocamos materiais e fizemos revisões jurisprudenciais e doutrinárias. Foi imensamente importante a contribuição que recebi neste grupo. Estudei o perfil dos membros da banca e li todos os artigos por eles escritos. Então, a tão sonhada aprovação na segunda fase chegou. Acho que este momento foi um dos mais felizes. Eu sabia que a segunda fase era a mais difícil...
Iniciaram-se os estudos para prova oral, quando passei a adotar a técnica dos fichamentos. Tentei abordar os pontos mais importantes do edital de forma resumida, ressaltando sempre algumas teorias, princípios e teses mirabolantes (rsrs). Acho que esta foi minha grande “sacada” dos concursos. Fiz alguns cursos para a prova oral. O que ganhou destaque foi o curso do professor Marcelo Lage (Procurador da República); fiz o curso presencial de dois dias. Os dias que antecederam à prova oral foram muito difíceis. Eu estava nervosa, ansiosa, achava que não sabia nada, que tinha esquecido tudo... Enfim, pensamentos negativos invadem nossa mente nesta etapa. Ressalto que, nestes momentos, de forma ainda mais forte, eu senti o poder de Deus; lia constantemente a Bíblia, orava e sempre acabava me acalmando. Não preciso nem dizer, mas o apoio da minha família e do meu esposo foi essencial.
Chegou a tão esperada prova oral. Graças a Deus correu tudo bem. Falei tudo o que sabia... Quanto ao que não sabia, tentei expor o máximo de conhecimento e, no último caso, utilizei o conclamado “não me recordo, Excelência”. A prova durou quase duas horas e, quando sai da sala, estava tão leve. Um peso enorme sai de nossas costas, independentemente do resultado.
Na época do concurso de Minas Gerais, eu também estava fazendo o concurso do MP do Mato Grosso, do MP do Paraná e da Defensoria Pública do MS. Alguns dias depois da prova oral de MG, fui para Curitiba fazer a segunda fase do MPPR.
No dia 14 de novembro de 2014, saiu o resultado do MPMG e, para graça de Deus, eu fui aprovada. Até hoje não consigo descrever a sensação. É algo mágico e incomparável... Eu não sabia se chorava ou se ria... Não dá para explicar. Passa um filme na cabeça. Ver que todo esforço valeu a pena...
Depois disso, fiz a prova oral no MPMT e no MPPR e, felizmente, obtive aprovação em ambas. Desisti de fazer a prova oral na Defensoria do meu Estado porque acredito em vocação. Meu coração sempre bateu mais forte pelo Ministério Público e, hoje, já no exercício das funções, tenho certeza de que fiz a opção certa. Este ponto referente à vocação vislumbro ser de extrema importância, pois, com diz aquela antiga frase, “trabalhe com o que ame e não precisará trabalhar um dia sequer”.
Bom, fui empossada como Promotora de Justiça Substituta no Ministério Público do Paraná, em 09 de abril de 2015. Eu estava muito feliz como Promotora no PR, foi quando abriu o concurso do MPMS. Fiquei muito em dúvida se fazia ou não, pois realmente não tinha tempo algum para estudar.
Os primeiros anos na carreira são extremamente intensos e, pelo menos de minha parte, ocupavam os três períodos do dia: manhã, tarde e noite. Porém, fiz a inscrição. Na primeira fase, quase não fui, pois estava substituindo um colega e tinha um compromisso funcional no domingo. Todavia, sem nem ter falado sobre a minha intenção de fazer o concurso, ele resolveu voltar antes de suas férias e eu consegui ir fazer a prova. Logrei ultrapassar a primeira etapa, fazendo a maior pontuação do concurso. Depois vieram a segunda e terceira fases... De verdade, fiz as provas com a bagagem que havia adquirido ao longo dos estudos antes de passar e com algumas poucas horas de dedicação, durante a madrugada. No final (para a prova oral), tirei alguns dias de férias para revisar jurisprudência e ler meus fichamentos. Mais uma vez, Deus me honrou, concedendo-me muito mais do que eu sonhava. A aprovação no meu amado Estado veio e, para minha surpresa, na primeira colocação.
Consegui realizar meu sonho. Um sonho que foi construído em coautoria. Nada disto teria acontecido se eu não tivesse fé e o apoio da minha família, do meu esposo e dos meus amigos.
A minha dica a você que está iniciando, no meio ou no final desta caminhada: seja ousado e corajoso, confie em seu potencial, tenha foco e dedicação e, principalmente, DESISTA só se for de DESISTIR.
Uma vez, li em algum lugar que “o nadador descansa nadando”. Levei isso comigo. Estude, estude e, se cansar, estude mais um pouco. Pode ter certeza de que todo o seu esforço vai ser recompensado.
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