Trajetória nos concursos - Sarah Bonaccorsi Golgher

By | setembro 21, 2019 Leave a Comment

Trago a trajetória da Sarah Bonaccorsi Golgher (@senhoritalavoro), Procuradora do Trabalho (MPT) e ex juíza no TRT-RJ (1º lugar geral). Eu acompanho já há algum tempo o perfil da Sarah, que traz dicas muito interessantes para concursos e evidenciam a postura bem pragmática. Tanto é assim que foi pelo fato de o Direito do Trabalho "funcionar" que se desencantou com o Direito Penal, como bem disse na trajetória. Outro ponto interessante que temos em comum na trajetória é que, enquanto estudávamos para concursos, trabalhávamos em assessoria de Desembargador (ela no TRT; eu no TJ) e também trocamos a magistratura pelo Ministério Público. Lá no feed da @senhoritalavoro há um post sobre a troca de carreiras - com o qual me identifico muito -, no qual ela destaca como o juiz fica mais vinculado a uma rotina (menos dinâmico, pois, em regra, lida basicamente com audiências, despachos e sentenças), adstrito à inércia e sem poder escolher a sua agenda de atuação (é obrigado a enfrentar todas as causas, por mais singelas que sejam, enquanto o MPT tem atuação focada em "causas maiores"). Falei disso também em post sobre o assunto no instagram do amigo @andersonrpaiva, Procurador da República, na série que ele publica sobre "Carreiras Jurídicas". Obrigado, Sarah, e parabéns pela brilhante trajetória!

Conheci Júlio Almeida no Instagram há algum tempo, provavelmente por conta de alguma postagem narrando meios "heterodoxos" de estudo, desmistificando e aproximando a aprovação em concursos de alto nível das pessoas comuns. Compartilho com ele esta ideia e é muito bom saber que não estou sozinha neste mundo de fórmulas mágicas, regras prontas, cronogramas metódicos e coachings. Convidada para escrever sobre a trajetória nos concursos para a Magistratura do Trabalho e Ministério Público do Trabalho eis-me aqui....

A área trabalhista apareceu por completo acaso em minha vida, era recém formada pela UFMG e fui nomeada técnica no MPF em Belo Horizonte. Logo percebi que a função administrativa, embora de inegável importância, nao era para mim.... queria ser Procuradora da República, mas também trabalhar com o Direito em si o mais rápido possível. Pensei em um concurso "meio" e na época surgiram vários concursos de servidor para os TRTs... eu nao gostava de Direito do Trabalho, os professores na faculdade foram ruins, nunca conhecia ninguém da área...para mim era um tipo qualquer de "sub-Direito", mas era também "A"oportunidade do momento (2010/2012). Resolvi estudar e fiz vários concursos para analista dos TRTs nos mais diversos Estados e acabei sendo nomeada justamente no TRT3 - Minas Gerais, lotada em BH e como assistente de Desembargador.

Já durante os estudos e principalmente na prática do TRT, percebi que não gostava de Direito do Trabalho porque não conhecia este ramo do Direito que, mesmo diante das mais variadas mazelas, e diferentemente do apaixonante Direito Penal que vivi durante 5 anos de MPF - funciona (desculpa Júlio!!) rsrs.

Este ponto para mim foi absolutamente fundamental para a virada de "norte" - de Procuradora da República para Procuradora do Trabalho. Ademais, já tinha que estudar para minutar os votos... então uni o útil ao "agradável", pois percebi que mesmo com um Chefe tão bacana (ou talvez por isto mesmo?!) que queria mais.... as opcões eram Juiz ou Procurador do Trabalho, já que na época como analista judiciário não valia a pena, financeiramente falando, o concurso para Auditor Fiscal do Trabalho.

Comecei a estudar de fato para tais carreiras em 02.01.2014 - o objetivo era passar o mais rápido possível. Eu não tinha um plano certo, milagroso ou metódico, tampouco calendário ou cronogramas - apenas a experiência dos concursos anteriores. Limpei uma salinha de entulho que ficava no escritório do meu pai no centro da cidade e comprei um kit de móveis simples para escritório (mesa, armário e estante), uma cadeira confortável - e só.

Já sabia que, para mim, estudar em casa não rendia... comecei a estudar lá no tempo que tinha e também, a fazer as provas que saiam. Não tinha medo das reprovações nem fazia para "testar"; dava meu melhor em cada uma. Eu tinha dinheiro para viajar (e como viajei!!) e pagar as inscrições. Porquê nao? Qual é o problema da reprovação? Um "não" já temos...

E no início foi cada traulitada... comecei estudando mais para a segunda fase, pois imaginei que como analista, tinha base para a objetiva. Errei. Comecei looonge da nota de corte, daí percebi a necessidade de voltar um passo. Para quê estudar para segunda, aprofundar e reprovar na primeira? Redirecionei completamente para a primeira fase.

Eu não gostava de "lei seca", mas é o coração da prova objetiva e ela não vai mudar ou ser menos decoreba por minha causa. Tem que decorar? Vamos decorar então... prazos, exceções, filigranas. Percebi que só ficar lendo legislação era um p****, e nem sempre toda a lei era cobrada, alguns artigos tinham muita chance de cair, outros raramente. Começei a fazer ao contrário: fazia as questões e ia corrigindo alínea por alínea e marcando no Vade Mecum o que achava relevante, repetitivo ou difícil... errar uma vez ok, mas se errava duas ou mais já registrava para revisar antes da prova.

Outra coisa importante é entender o que vc está estudando, pois fica mais fácil memorizar e, de quebra, entendendo o porquê, já estamos estudando para a segunda e terceira fases. A absoluta maioria das coisas tem lógica (às vezes tenho a impressão que as pessoas complicam o simples para "valorizar" o conhecimento e torná-lo algo distante - coisa que, repiso, não é), algumas nao... faz parte.

Com o tempo você vai conseguindo fazer mais e mais questoes por dia, comecei com 50, depois 100 e cheguei a 250 em um único dia e alínea por alínea. Fazia provas para magistratura, MPT e AFT também, começando das mais recentes.

Pensando racional e matematicamente, se vc fizer uma média de 100 questões/dia, de segunda a sábado, serão 600 questões por semana; 2.700 em um mês (4,5 semanas) e 27 mil em dez meses. Sinceramente, é muito difícil nao conseguir a nota de corte e mesmo uma boa nota levando a sério este treino, as questões se repetem, as bancas são previsíveis e a matéria limitada. Haverá questões fora da curva? Sem dúvida, entre 2 a 5, mas não precisamos delas. E não vale o esforço/amplitude/tempo gasto para tentar abranger este tipo de questão.

Eu utilizava o qconcursos e fazia provas inteiras, para pegar todas as matérias na média e importância que são cobradas... o site aponta sua evolucao e estatísticas. Me ajudou muito, principalmente neste estudo mais focado e de médio prazo.

Depois que pegamos o "jeito" na objetiva, ela já não é um desafio tão grande mais - ainda que seja necessário manter o treino e focar nela logo antes da prova.

Além disso, as objetivas nas provas de magistratura e do MP são mais difíceis que analista e técnico, logo as notas médias sao mais baixas - claro que isto varia de prova para prova, mas nunca vi nota de corte maior que 82 (TRT2), enquanto como técnica do TRF1 fiz 97 e nem perto de ser chamada fiquei.

Assim, não espere "estar pronto" (vc vai passar antes disso, acredite), não tenha medo das reprovações e, se há fórmula secreta para aprovação eu desconheço - e passei mesmo assim.

A vida não acontece em condições normais de temperatura e pressão (CNTP), aliás estou escrevendo este depoimento no escuro, no avião viajando para um curso em Brasília... o plano inicial era trabalhar, mas meu computador está sem bateria e estou devendo isto aqui há tempos para o Júlio. Tudo bem mudar de ideia! Tentar! Comece!

Ps: mais dicas objetivas sobre a prova objetiva lá no @senhoritalavoro (nos destaques).

Ps: quer continuar esta história? Cutuca o Júlio e eu tb, lá no Senhorita!! Bjs!

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