Trajetória nos concursos - Nayane Cioffi Batagini

By | setembro 14, 2019 Leave a Comment

Trago hoje a trajetória de Nayane Cioffi Batagini, aprovada para promotora de justiça do MP-PR, encerrado em 2019. Nayane fala muito bem de dois aspectos fundamentais na aprovação em concurso: o psicológico (equilíbrio e persistência) e o técnico (forma de estudo). É bem interessante a estratégia de Nayane para manter o equilíbrio psicológico, estudando bastante durante e semana e aproveitando os finais de semana para "repor as energias". Os concursos de ponta hoje exigem sacrifício que dura muitos anos (cerca de 5, no caso da Nayane), de modo que a abdicação, por completo, da vida social pode, ao invés de ajudar, aumentar a pressão e diminuir os resultados. Obrigado mesmo pelo relato, Nayane! E parabéns pela aprovação na excelente carreira do MP-PR!

Um pouco de leveza faz parte do percurso. Estudo há, aproximadamente, cinco anos, com o foco único em Ministério Público e agora tive a grande alegria de ser aprovada no MP do Paraná, instituição que sempre me encantou! Parece pedante e vago dizer que “quem não desiste passa”, “só não passa quem desistiu antes” etc, mas acredito que, das poucas verdades que se ouve no mundo das “dicas para passar em concurso”, essa é uma delas. Se eu puder dar dois conselhos para aqueles que ainda estão na batalha pela aprovação (assim como eu estava há poucos dias!), esses seriam “persistência e equilíbrio”. Explico:

A persistência faz parte do jogo, e ajuda a nos fortalecer e ganhar confiança. Aceitar com resiliência um “não” nem sempre é fácil, mas é preciso. A indignação contra um resultado negativo, a revolta, o desespero, (acreditem!) não nos levam a lugar nenhum. É claro que somos humanos e não é tão simples aceitar certas coisas com as quais não concordamos, mas é necessário aprender a jogar o jogo do concurso. Lembro que sempre pensava que o “luto” de uma derrota, não poderia durar mais que um dia. Pensava que já havia “perdido” uma chance de passar, então, não poderia permitir que o concurso que gerou uma reprovação, me prejudicasse para próximo. Ele não tinha esse direito. Então, bola pra frente e ainda bem que o outro dia, é outro dia! Nessa, fiz 14 concursos para o MP, contando com 9 reprovações, 1 desistência, 2 ainda estão em andamento e 1 aprovação. E tudo isso valeu por essa “uma” aprovação! E faria 15, 16, 17.... quantos fossem precisos. Uma hora, chegaria a minha vez. Que bom que chegou!  Falando assim, pode parecer que nunca passou pela minha cabeça desistir, pensar que “não era para mim”, dentre outros pensamentos que insistem em nos testar! E como passou! Mas temos que ter em mente que do mesmo jeito q esses pensamentos vêm, eles têm que ir. E vão! Basta lembrar de tudo que nos moveu até aqui, o porquê queremos passar, o quanto as pessoas que nos amam acreditam em nós e compreender que essa “busca pela vaga” vai ter fim. Tem um lugar reservado para todos que não desistem!

O equilíbrio chega a ser mais fundamental ainda. E acredito que foi ele que me levou a conquistar a tão sonhada vaga. Nunca entendi o concurso público como um “sofrimento”. Sofrimento é outra coisa, e bem diferente! Buscava não reclamar e pensar que por mais difícil que parecesse, o concurso é uma oportunidade! Afinal, sem ele, eu não iria atingir o meu sonho! Então porque não levar essa trajetória de uma forma mais leve e serena? Cada pessoa tem uma maneira de organizar seu tempo, eu sempre trabalhei e estudei (sou analista do Ministério Público de SP e já fui analista da Defensoria Pública do RJ). Para mim, deu certo estudar (muito, todo tempo livre que tinha) durante a semana, e tirar o fim de semana para repor as energias! Viajava para ver meus pais, que estão em outro estado, para encontrar meu namorado, que também está em outro estado, para encontrar meus amigos de outras cidades, ou simplesmente parava para descansar! Claro que nas vésperas de concurso a regra não era essa, né?! Mas esse equilíbrio me fazia ter força e vontade de estudar o máximo que eu conseguisse durante a semana, pois eu sabia que no fds uma recompensa viria! Isso foi uma decisão, na verdade... sabia que abdicar de tudo, poderia me trazer uma aprovação mais rápida... mas até que ponto eu estava disposta a isso? Não estava disposta... não iria abrir mão de estar com minha família, namorado e amigos, até porque não sabia por quanto tempo iria ter o status de “concurseira”! Claro que sempre fica aquele “peso na consciência” martelando que eu deveria estar estudando, que “os outros” estão estudando etc, etc , etc, mas, paciência! É preciso lidar com esse sentimento (pelo menos pra mim, foi!) eu me esforçava para transigir com ele, pois ele sempre esteve presente em mim! Já que ele é mais forte, o caminho foi negociar, ao invés de tentar combatê-lo, hehe!

Quanto à parte prática, tive alguns companheiros de guerra! Quem me conhece sabe que nunca fui uma pessoa organizada, mas trabalhava com metas diárias (traçava a meta para o dia seguinte na noite anterior – número de páginas, matéria ou artigo de lei – sem qualquer sequência muito lógica). Nas primeiras fases, o combo “dizer o direito + vade mecum” era a minha base (vale dizer que isso está mudando!). Para as segundas fases, estudava os examinadores, seus artigos, os livros que gostam, provas anteriores e sempre estava em grupos de whatsapp, que auxiliam MUITO nessa etapa! São tantas tarefas (como resumir livros, buscar artigos etc) que a soma das forças dos candidatos faz tudo ficar mais factível! Para terceira fase, que só tive oportunidade de fazer uma vez, tentei somar os estudos de primeira e segunda fase (fazendo um trilhão de revisões), fiz cursos e procurei pessoas que me ajudaram muito (tanto em conhecimento, quanto emocionalmente - fico à disposição para conversar sobre isso)! Mas não acredito em fórmulas, assim deu certo para mim, mas não tenho a pretensão de dizer que é o correto... Cada um conhece suas necessidades!

Fazer várias provas, em vários estados, foi o que mais me ajudou... a ideia não é querer passar “logo”, é querer ir melhor do que foi na última... a frase “ainda não estou preparado” não pode ser uma barreira, até porque, não conheço uma pessoa que se sentiu 100% preparado antes de fazer uma prova! Tem que ir, e fazer. Ir, e fazer. Ir e fazer.... e aprendendo com os erros, reparando as falhas, aprimorando o que tem mais dificuldade, aproveitando melhor o tempo de prova, se acostumando a lidar com as questões, com o local de prova... tudo isso é crescimento! E nem pensar em ficar gastando cérebro com o que os outros vão pensar da sua nota ou coisas assim, quem tem muito tempo de ficar vendo nota dos outros candidatos e se importando com o desempenho alheio, não é uma pessoa com quem temos que nos preocupar! Não mesmo!

Como disse anteriormente, não existe fórmula nem método infalível! Mas não tenho medo de dizer que a trajetória fica mais tranquila se estamos ao lado daqueles que amamos (obrigada a toda minha família, amigos e namorado!!), se as renúncias (apesar de necessárias) são ponderadas, se tentamos levar de um jeito mais leve, se nos aliamos à pessoas alto astral que nos levantam sempre que precisamos (já que as quedas e o desânimos existem sim!), se nos afastamos daqueles que não torcem por nós ou que trazem uma energia negativa para o nosso dia e, principalmente, se sabemos, desde o início, que não vai ser fácil, que vão ter derrotas, que muitas vezes não as entenderemos, mas que uma hora vai dar certo. E vai dar!

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