Hoje trago a trajetória da amiga Paloma, juíza do TJSP. Tive o enorme privilégio de conviver com ela no curso de formação do TJSP, dividindo o mesmo grupo de atividades. O texto da Paloma evidencia muito bem o que ela é pessoalmente: uma pessoa de fácil convívio, humilde e decidida. Paloma teve que se adaptar algumas vezes, mudou o foco, mas, como ela bem disse, nem sempre vamos acertar. O que importa é acertar "uma vez"! Obrigado mesmo, Paloma!
Primeiramente, gostaria de agradecer o convite do meu amigo Júlio. E dizer que é uma honra e um orgulho ter sido sua colega, ainda que por pouco tempo, no saudoso Grupo D do curso de formação dos magistrados do TJSP. O Júlio, além de um ótimo profissional, é um cara humilde, divertido e muito solícito. Não me lembro de quantas dúvidas tirei com ele nesse pouco tempo em que convivemos. Você merece tudo de melhor que vem acontecendo na sua vida, meu amigo!
Fiquei um pouco na dúvida sobre o que falar da minha trajetória. Não queria me ater a escrever sobre a minha rotina de estudos. Então resolvi falar um pouco do porquê resolvi prestar o concurso da magistratura.
Durante a faculdade (estudei no Mackenzie/SP) nunca tive o sonho de ser juíza. Nem promotora, nem delegada e nem advogada. No 2º ano, acabei passando para um concurso de nível médio do INSS e comecei a trabalhar. Me formei em 2010 e não tinha muita noção do que queria para a minha carreira. Continuei trabalhando, casei e em 2013 resolvi fazer mestrado. Comecei a pós em Direitos Humanos na PUC/SP e durante o curso tive vários contatos com juízes, promotores e defensores. Me apaixonei! Pela magistratura? Não! Pela Defensoria Pública. Em agosto de 2015 comecei a estudar para o concurso da Defensoria de SP que seria em setembro daquele ano. Pedi uma licença não remunerada do INSS e me inscrevi em um curso intensivo para Defensoria no Damásio. Claro que com 1 mês de estudo as minhas chances eram praticamente nulas, mas eu sabia que precisava começar de alguma forma.
Fiz a prova e fiquei a 1 ponto da 2º fase. Não me entristeci. Pelo contrário, percebi que aquele era o caminho. Continuei estudando por conta própria nas famosas cabines do Damásio, onde fiz vários amigos que estudavam para a magistratura. Como os concursos para a Defensoria, principalmente em São Paulo, não abriam com muita frequência, comecei a pensar em mudar o foco. No ano seguinte (2016) já havia a previsão para as provas do TJRJ e TJRS. Virei a chave e comecei a estudar para a magistratura. Me apaixonei! Só que dessa vez, perdidamente! Fiz a prova do TJRJ e não passei da 1ª fase. Em abril, fiz a prova do TJRS e também não passei da 1ª fase, mas em compensação, tinha aumentado a minha porcentagem de acertos. Não me desanimei, pois ainda estava no início e sabia que o caminho seria longo.
No meio de 2016 abriu o concurso para a Procuradoria do Municípios de Campinas/SP. Mais uma vez, pensei em mudar o meu foco. E mudei. Como não havia previsão de concurso para magistratura de São Paulo, comecei a estudar tributário e execução fiscal como nunca tinha estudado antes. E mais uma vez, chutei a bola na trave. Não satisfeita, comecei a estudar para o concurso de analista do TRE que seria em fevereiro de 2017. Bingo. Fui aprovada (mas não dentro do número de vagas).
Foi aí que os boatos sobre o edital do TJSP começaram. Foi quando resolvi parar de me aventurar e resolvi me dedicar integralmente ao meu sonho: ser juíza. Em abril ou maio de 2017 fiz o TJPR e fiquei por 2 pontos para a 2ª fase. Confesso que me desanimei um pouco pensando em quanto tempo tinha perdido estudando para concursos paralelos. Mas não me dei ao luxo de sofrer muito, pois em junho teria que encarar a minha tão esperada prova do TJSP.
Lembro que saí da prova derrotada. Tinha certeza que não tinha sido aprovada. Não conseguia nem ao menos me lembrar das questões. Bingo. Passei com 2 pontos acima do corte. Fiz o curso para 2ª fase do CPiuris e passava o dia lendo sentenças e acórdãos dos examinadores. Como nunca tinha feito uma prova de 2ª fase, dizia para mim mesma e para os meus amigos que o meu concurso seria o TJSP 188 e o 187 serviria somente para testar e sentir como era fazer uma prova dissertativa. Bingo! Passei novamente. Daí em diante a minha preparação se deu como a maioria dos meus amigos aprovados: muito treino com os colegas via Skype, presencialmente, leitura dos cadernos, das obras dos examinadores e muita oração.
Fiz a prova oral no último dia de arguições. O meu dia original coincidiu com um jogo do Brasil na Copa e foi o único dia alterado de todo o concurso. Será um dia inesquecível na minha vida. Lembro que nunca me senti tão nervosa e tão vulnerável. Mas é verdade o que todos dizem: você sobrevive. Nos 2 primeiros minutos estava tão nervosa que o examinador disse para eu respirar um pouco. Depois disso, pouco me recordo do que aconteceu. A adrenalina é tanta que chega a anestesiar. Após a prova o mix de sensações é inevitável. Ao mesmo tempo em que você está aliviado, também está angustiado pelo resultado.
Para a minha sorte, o resultado foi divulgado um dia depois. Fiz a prova oral as 15h da tarde e as 12h do outro dia eu já sabia que era juíza.
Com isso tudo meus amigos, quero dizer que não existe fórmula mágica ou pronta. Não existe certo e errado. Não existe estude assim ou assado. Existe o seu caminho. Eu descobri o meu por acaso. Alguns descobrem quando crianças, outros na faculdade, outros até depois de aprovados. Talvez se eu não tivesse estudado para outros concursos teria passado mais rápido, talvez não. São os tipos de questões para as quais não há respostas. Não se compare com os outros, não se sinta mal porque estuda há mais tempo que seu vizinho de cabine que já passou ou porque tem menos tempo para se dedicar aos estudos que seus concorrentes. O nosso caminho é solitário e cabe somente a nós decidir o rumo que queremos tomar. Vamos acertar sempre?! Não! Mas posso garantir que você só precisa acertar uma vez! E aí, será inesquecível! Boa sorte, bons estudos e muita força a todos que estão em busca de seus sonhos.
Que bela experiência, cheia de decisões, erros e acertos, pensando bem muito comum aos seres humanos que tanto lutam para conquistar seus sonhos. Obrigado por compartilhar essas histórias de conquistas, tenha certeza que nos inspira muito! Forte abraço Dr.º Júlio
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