Hoje trago a emocionante trajetória da Laís, promotora do MPSP, que tem dado excelentes dicas para concursos e falado sobre a rotina de trabalho como promotora. Vale a pena seguir e acompanhá-la no instagram. A trajetória da Laís é fantástica. Demonstra como o mundo dá voltas. A prova que fez duvidar da própria capacidade (no MPMG) foi a mesma prova que ela não precisou fazer no concurso seguinte, pois ia tomar posse como promotora de seu estado!
O relato evidencia como o desânimo pode ser neutralizado com a percepção dos pequenos progressos. "Cheguei nos 60 pontos"... "já sei fazer a discursiva"... Outra mensagem bem interessante é a compreensão da dificuldade das provas como forma de filtrar algumas habilidades que serão exigidas no dia a dia: "hoje entendo a necessidade de uma correção rigorosa da prova escrita (que é nosso principal meio de comunicação nos processos) e também do objetivo da prova oral (que me fortaleceu muito para que, hoje, eu consiga encarar plenários do júri, audiências, improviso, oralidade, seminários, etc.)". Muito obrigado, Laís!
Antes de mais nada, já inicio este depoimento agradecendo ao Professor Julio Cesar Almeida pelo convite, que de forma muito gentil se interessou pela minha trajetória. Já iniciando, me formei em Direito pela PUC-Campinas, no final de 2011. Já saí da faculdade sabendo que queria prestar concurso para o Ministério Público Estadual e desde então já direcionei meu estudo para isso. Fui estagiária do MPSP, mas já gostava da atuação muito antes disso, pois o Direito Penal sempre foi uma paixão.
Já no ano de 2012 me matriculei, à distância, no curso do LFG, que foi excelente para mim. Ainda não conhecia exatamente o nível de dificuldade do concurso e não conseguia estudar horas seguidas, então comecei pelo básico: assistia às aulas, anotava absolutamente tudo e fazia o possível para revisar em casa. Sem neura. Logo em 2012, abriu um concurso do MPSP. Eu sabia que não estava preparada, por óbvio, mas ao prestar a prova, senti que com bastante estudo e dedicação, seria possível vencer a primeira fase.
Senti que apesar de ainda não dominar o conteúdo, a matéria era aquela ensinada na faculdade e no cursinho. Prestei mais algumas provas em 2012 e 2013, mas senti que ainda precisava de mais base. Em uma prova do MPMG em 2013, cheguei a questionar se aquilo era mesmo pra mim! No entanto, segui firme com as minhas aulas e cadernos. Em 2014, decidi vir para São Paulo fazer Damásio presencial. Já tinha feito um curso bastante completo (do LFG), tinha as anotações, e o contato com a matéria já era mais familiar. Nessa fase, decidi que não prestaria concursos por algum tempo, pois ainda estava fazendo cerca de 60 pontos em primeira fase, o que, para aquela época, não era muito, pois os cortes estavam mais altos, mas senti que chegar aos 60 pontos já foi uma evolução, porque no início fazia cerca de 50% de pontos mais ou menos.
Segui o ano de 2014 pegando bem firme. Aí a coisa começou a ficar séria. Frequentava o curso de manhã, revisava o conteúdo a tarde, consultava doutrina, e com isso fiz um material muito bom.
Nunca fui de ler a doutrina de capa a capa, usava mais para consultas a temas específicos. No final de 2014, prestei uma prova do TJSP (não era meu objetivo, mas o de SP eu prestava, por ser meu Estado) e obtive uma melhora bem expressiva na pontuação. Cheguei a fazer 79 pontos. No ano de 2015, abriu novamente o concurso do MPSP. Nesse momento, decidi estudar meu primeiro edital de forma específica. Abandonei o estudo regular e revisei tudo que podia. Códigos, cadernos, legislações especiais, jurisprudência, informativos, súmulas. Eis que tive uma surpresa: alcancei a minha primeira 2ª fase! E no concurso do MPSP, que era o que eu mais queria na vida. Foi uma vitória e uma alegria, mas fiquei muito perdida.
Fiz Damásio para a 2ª fase, mas não sabia nem por onde começar. Treinei as peças, mas não sabia se revisava conteúdo, se priorizava o estudo da banca, se fazia o máximo possível de questões escritas. Lembro que só na última semana antes da prova que acabei comprando um livro do examinador de Processo Penal para ler.
Moral da história: não fui aprovada. Fui razoavelmente bem, mas reprovei por 0,3. Claro, fiquei muito chateada, mas minha mente sempre foi muito positiva. Então, consegui entender que aquele momento foi um grande passo na minha caminhada. Porém, como somos humanos, aquele final de ano de 2015 foi péssimo para a minha concentração. Eu nunca deixei de estudar, nunca parei, mas a reprovação mexeu comigo. Escuto relatos de pessoas que também sentem o mesmo. Recomeçar a ler o artigo 1º da CF, princípios do Direito Penal, Inquérito Policial, me dava desânimo. Tinha que fazer tudo de novo. Recomeçar. Do zero. Mesmo tentando me convencer que não, entendi que coloquei muita expectativa naquela 2ª fase. Depois disso fiquei um tempo sem pegar 2ª fase de concurso, entre o final de 2015 e 2016. Fazia uma boa pontuação, mas sempre ficava por alguns pontos.
No ano de 2017, os concursos aqueceram novamente, e eu empolguei. Senti que estava com uma boa base teórica e comecei a estudar o edital.
Fazia estudo bem específico na reta final, com o edital aberto. Assim, fui para a 2ª fase do MPPR, MPRS e Delegado do MS (prestei Delegado, pois meu namorado é do Estado, então tentamos, mas eu sempre prestei apenas provas de MP). Reprovei em todas elas (rs), mas percebi que minha nota em prova escrita melhorou muito. Com o passar do tempo, aquela primeira reprovação no MPSP me ensinou muito sobre o que fazer, no que focar para a prova escrita e como responder questões dissertativas. Tanto na prova escrita do PR quanto na prova do RS, eu obtive mais do que a média necessária de pontos, mas não obtive o mínimo de nota em um dos módulos de questões. Então animei.
Comecei a entender que estava melhor, acreditei que estava no caminho certo e aprendi a não criar tanta expectativa, pois nunca sabemos quando estamos preparados o bastante.
Logo em 2017 também abriu o concurso 92 do MPSP. Já sabia como estudar o edital e o perfil da prova. Passei para a 2ª fase no corte, com 83 pontos. Como já tinha reprovado anteriormente no mesmo concurso, já tinha criado uma estratégia de prova. Ganhei maturidade. Até sair o resultado daquela prova escrita, passava um dia chorando de medo, e o dia seguinte com esperança de dar certo. Meu Deus! Acho que sofri mais com o resultado da prova escrita do que com o da prova oral. Até que, num dia pós feriado do carnaval, já em 2018, às 17 horas da tarde, li meu nome naquela lista! Além disso, fiquei entre as 20 maiores notas da prova escrita.
Confesso que isso me deu mais tranquilidade para estudar para a prova oral. Minha prova oral foi tranquila, não sabia tudo, é claro, mas consegui elaborar as respostas com calma. E assim, fui aprovada no 92º concurso do MPSP, no ano de 2018. Depois disso, também peguei a 2ª fase do MPMG (aquele mesmo, quando cheguei a pensar que concurso não era pra mim), mas não fui fazer.
Tomei posse logo em seguida e hoje sou muito feliz e realizada como Promotora de Justiça. Mas o que gosto de dizer sempre é que, depois disso, a própria carreira me trouxe inúmeros desafios. Tive que me superar em muitos aspectos para desenvolver a atividade de Promotora. Por isso hoje entendo a necessidade de uma correção rigorosa da prova escrita (que é nosso principal meio de comunicação nos processos) e também do objetivo da prova oral (que me fortaleceu muito para que, hoje, eu consiga encarar plenários do júri, audiências, improviso, oralidade, seminários, etc.).
Portanto, a mensagem final que gostaria de deixar é: acreditem no sonho, façam um planejamento a longo prazo para executá-lo e paguem o preço. Vai exigir esforço, abdicação e disciplina. Me lembro que, durante a 2ª fase do MPPR, não pude estar com a minha família/irmã quando meu sobrinho mais novo nasceu. Mas nunca me senti vítima da situação, nem tampouco injustiçada pelas correções das bancas quando reprovei. Sempre entendi que se eu ainda não tinha sido aprovada, é porque ainda precisava melhorar. E, assim, a vitória vem para todos que persistem.
Laís Bazanelli Marques Santos
@laisbazanellimarques
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