Trajetória nos concursos - Julia Gonçalves Cardoso

By | maio 19, 2019 Leave a Comment

Trago hoje a trajetória da amiga Julia, juíza do TJSP (3º lugar - 187º concurso) e ex-promotora do MPSP (2º lugar - 92º concurso). O relato demonstra a importância de saber se adaptar de acordo com o momento, ou seja, se o edital está ou não aberto, qual a próxima fase a ser executada etc. No final das contas, a Júlia conseguiu, com calendário bem apertado e trabalhando, obter notório êxito em ambos os concursos. Isso só reforça a possibilidade de conciliar concursos diversos, como já bem salientou aqui no perfil a @abbyilharco, juíza federal e aprovada em duas magistraturas estaduais. Obrigado e parabéns pela trajetória, @jugcard!

Eu trabalhei no Tribunal de Justiça de São Paulo por muitos anos, o que fez nascer e, depois, fortalecer dentro de mim a vontade de ser juíza. Porém, sempre admirei muito a carreira de Promotor de Justiça, me identificava com diversos aspectos desta função, gostava muito das disciplinas com as quais um Promotor mais lida no dia-a-dia e, por isso, sabia que também poderia ser muito feliz se viesse a integrar aquela instituição. Portanto, o foco dos meus estudos como concurseira eram essas duas carreiras, Magistratura e Ministério Público, embora tivesse preferência pela primeira. 

Confesso que não houve, de minha parte, alguma estratégia brilhante para conciliar os estudos para essas duas carreiras. Logo que comecei a estudar, analisei superficialmente os editais e provas de ingresso em ambas e me pareceu que grande parte do edital do Ministério Público estava contida no edital da Magistratura, que, contudo, exigia ainda um estudo mais aprofundado de algumas matérias (como Direito Tributário, alguns aspectos de Direito Civil, entre outras), que têm menos peso em concursos de Ministério Público. Já nestes últimos, alguns outros temas, como aqueles envolvendo direitos coletivos lato sensu, são cobrados com muito mais profundidade do que em um concurso de Magistratura. São apenas exemplos de diferenças que notei resolvendo provas e conversando com colegas e amigos. 

Fato é que, ciente destas diferenças entre as provas, minha estratégia, simplória talvez, foi estudar com base no edital da Magistratura (paulista, no caso), acrescentando, entretanto, de modo vigoroso (uma vez por semana, pelo menos), o estudo de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, tanto do ponto de vista processual, quanto material. Além disso, também acrescentei o estudo sobre a organização institucional do Ministério Público, pois me pareceu que aspectos das leis orgânicas são cobrados com frequência em provas de ingresso nesta carreira. Seguia essa rotina, pois, em épocas em que não havia edital aberto.

Lançados os editais, todavia, o foco do meu estudo se alterou: quando o edital foi de Magistratura, deixei os direitos difusos um pouco de lado e intensifiquei o estudo de matérias mais próprias de concursos para juiz. Já quando o edital foi do Ministério Público, passei a dar menos atenção para matérias como Tributário, alguns aspectos de Empresarial, de Direito Civil, para focar em temas mais cobrados em provas de Ministério Público, podendo apontar, a título de ilustração, a leitura da Lei Antimanicomial, Estatuto da Igualdade Racional, Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Estatuto da Cidade, entre outras, que, específicas que são, eu procurei reler nas semanas anteriores à primeira fase.

Porém, o TJSP-187 e o MPSP-92 ocorreram quase concomitantemente. Assim, a verdade é que, a partir de um determinado momento, precisei passar a alternar, de modo sucessivo dentro de um período curto, as estratégias descritas no parágrafo anterior, já que fui aprovada para as segundas fases e provas orais de ambos os concursos e todas estas fases distaram umas das outras poucos meses, às vezes semanas. Desse modo, passei a adotar estratégias de curto prazo, sempre conforme a música: se a próxima prova que eu prestaria era do MPSP-92 (digamos, a segunda fase), para ela eu me preparava, incluindo o estudo sobre os examinadores, treino de peças processuais etc.; por outro lado, aproximando-se alguma etapa do TJSP-187, para esta eu estudava, novamente abraçando as peculiaridades da instituição e da fase do concurso.

Enfim, é difícil, como concurseiro, seguir rigorosamente um planejamento, porque as provas vão surgindo e precisamos ter essa capacidade de adaptação, de jogo de cintura, sabendo adequar os métodos de estudo aos variados momentos pelos quais passamos. O estudo sem edital aberto é muito diferente do estudo para a primeira fase referente a um edital já lançado, que, por sua vez, difere bastante, também, do estudo para segundas fases e todos eles, igualmente, distinguem-se da preparação para uma prova oral. Embora seja clichê, uma frase que vêm à mente é que o caminho se faz ao caminhar (Antonio Machado). Porém, ainda que o planejamento precise ser constantemente readaptado, ainda assim o considero de suma importância, porque é ele o fiel, o norte, a estrutura sólida que sofrerá essas adaptações que a conjuntura, de tempos em tempos, exige. 

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