Trajetória nos concursos - Gilvana Souza

By | março 30, 2019 Leave a Comment


Na semana em que foi publicado o edital do MPSP, trago a trajetória da amiga Gilvana, juíza do TJSP, que foi, anteriormente, promotora no MPSP (92º) e MPPR. Antes dessas aprovações, Gilvana foi aprovada para a prova oral do TJMS e do próprio MPSP (91º), mas não tinha os três anos de prática. Isso não foi motivo para achar que o jogo estava ganho e diminuir o foco nos próximos concursos. O relato evidencia ainda a importância de não se render às fórmulas mágicas e não transformar o estudo para concurso numa peregrinação entre materiais novos. Dificilmente o baixo êxito em provas está fundado no déficit de informação dos materiais. Os livros de concurso e cursos tendem a falar, com maior ou menor profundidade, basicamente a mesma informação. Obrigado, Gilvana!

Olá, pessoal! Meu nome é Gilvana e sou Juíza Substituta do Estado de São Paulo, aprovada no último concurso para o cargo (187º), mesmo concurso que o Júlio também passou. Ele me pediu gentilmente para escrever alguns relatos da minha trajetória e, também, dicas de concurso. Sempre tenho muito receio de escrever algo, porque não acredito que exista uma fórmula mágica e não gosto que as pessoas encarem a minha trajetória como a única correta. Mas por outro lado, antes de ser aprovada, adorava ler os relatos de quem já tinha passado, tentando pegar algumas dicas e imaginando como seria quando o grande dia chegasse. Por estes últimos motivos, aceitei o convite do Júlio e espero que este texto seja fonte de motivação para quem estiver lendo. Vamos lá!

Com relação à minha trajetória, começo contando que fiz PUC-SP e durante o período da faculdade fiz quase todos os estágios em órgãos públicos (com juízes, no MP). Me formei no final de 2013 e, com a certeza de que queria ser Juíza ou Promotora, optei por não trabalhar e usar os meus primeiros anos apenas para estudo, com dedicação total, pois queria que a aprovação fosse rápida.

Fiz cursinhos on-line e presencial e, com 1 ano e meio de estudos, cheguei na prova oral do concurso do MP-SP (91º), mas tive que desistir porque não tinha os 3 anos de prática jurídica. Mais alguns meses, e cheguei na prova oral do concurso do TJ-MS, o qual também tive que desistir pela ausência de prática jurídica. Se eu desanimei? Se diminui o ritmo por achar que já estaria aprovada no próximo? Nenhum dos dois: usei as aprovações para ter mais ânimo, sempre com os pés no chão e a certeza de que eu precisava de mais conhecimento para passar. É preciso ter consciência que o jogo só acaba no apito final, ou seja, com a assinatura do termo de posse.

Depois disso, vieram as reprovações no início de 2016: reprovei nas provas do MP-DFT, TJ-SP (186º) e MP-RJ. E a cada reprovação, era uma tristeza. E como dói! Mas no fim do caminho fica fácil perceber como elas foram importantes para o amadurecimento e crescimento pessoal e intelectual, acreditem.

Então mantive meus estudos, com incontáveis horas de leitura e exercícios, sendo que, nesse meio tempo, prestei a prova para escrevente do TJ-SP e assumi como Assistente de uma Juíza em novembro de 2016.

As horas líquidas de estudo diminuíram, em virtude do trabalho, mas para mim foi necessário para me trazer segurança e me sentir útil, depois de anos só estudando, e porque o trabalho era fonte de conhecimento, já que minutava sentenças e decisões judiciais.

E assim fui indo (trabalhando, estudando e prestando provas), quando, em maio de 2017, aos 25 anos, tive a grande felicidade de ser aprovada no concurso do MP-PR, instituição em que fui extremamente feliz e realizada, mas tinha um porém: queria voltar para “casa”, para o meu Estado. Com isso, já empossada e trabalhando, o ritmo de estudos diminuiu demais (quase parou), mas o “peso das costas” saiu, o que me permitiu prestar as provas nos meses seguintes com muita tranquilidade e paz de espírito (rs). Foi aí que, quase um ano depois, veio o resultado da aprovação no concurso do MP-SP (92º), em que tomei posse em junho de 2018, e, por fim, como Juíza do Estado de São Paulo, com posse em outubro de 2018.

Acho importante falar que durante todo o período de estudo não abdiquei completamente da minha vida social – o equilíbrio entre o corpo e a mente é essencial. Costumo dizer que o psicológico é 70% da prova.

Superada minha trajetória, como dica de estudo, queria dizer apenas uma, que acho primordial, para não começar a falar tudo que já fiz e cair naquilo que comentei no início de não existir fórmula mágica ou trajetória única. Minha dica: não utilizem vários materiais diferentes durante os anos de estudo! Nosso cérebro já tem um milhão de informações para absorver, agora imaginem se ele tiver que absorver cada hora com um material diferente (do cursinho X, Y, Z, e depois com a doutrina A, B e C)? Foquem em um material MUITO bom, seja doutrina ou caderno, e não abandonem ele por qualquer motivo.

No meu caso, fiz cadernos baseados em aulas de cursinhos, doutrinas e informativos, que foram fundamentais para a minha aprovação, já que utilizava eles do início ao fim, para todas as fases, ajudando muito na fixação da matéria.

Por último, acredito que cada um, antes de qualquer pessoa, precisa acreditar na sua própria aprovação. Mesmo sem saber quando será, em qual Estado, e muitas vezes sem mesmo ter a certeza do cargo (para aqueles que prestam para cargos diferentes, como eu), é necessário ter muito pensamento positivo e confiança de que dará certo no final! Isso, claro, tendo a consciência que você está dando seu máximo dentro das suas possibilidades.

Acredito que seja isso! Obrigada Júlio pelo convite, e desejo muita sorte, confiança e sucesso para todos! 



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