Não existe método universal para a aprovação em concursos - Por Jonathan Cassou dos Santos

By | março 18, 2019 1 comment


O amigo Jonathan, que é o juiz mais novo do TJRS, escreveu sobre um tema que tem relação com o primeiro post da série diagnóstico: a inexistência de método universal para a aprovação em concursos. Ter ciência disso traz, ao mesmo tempo, uma tranquilidade e responsabilidade. A TRANQUILIDADE reside na consciência de que o mesmo método produz resultados diferentes, ou seja, o mero fato de certo método não produzir alguns resultados NÃO significa que seja inviável a aprovação em concursos. A RESPONSABILIDADE, por sua vez, consiste na maior exigência de AUTONOMIA do estudante: ao invés de meramente seguir ordens alheias (HETERONOMIA), assume o encargo de estabelecer metas e uma forma de estudar de acordo  (i) com as próprias habilidades/deficiências (algumas das quais silenciosas), (ii) com o perfil psicológico (tendência à ansiedade sem resultados rápidos, por ex.) e (iii) com as preferências individuais (tais como ser mais ou menos visual, v.g.). No final das contas, a inexistência de método universal cria, assim, o fardo de ser EMPREENDEDOR de si mesmo, com a formulação da melhor engrenagem para a alocação de recursos escassos PESSOAIS, um dos quais é o próprio tempo ou dinheiro disponível. Obrigado pela postagem, Jonathan!



Ao longo da caminhada dos concursos, fui abordado várias vezes com rotinas milagrosas e receitas prontas (de estudos) de como passar em concursos. A maior parte delas girava em torno de rotinas exaustivas (mais de 6 horas de estudo por dia, sem folgas nos finais de semana) e leituras de legislação, jurisprudência e doutrina sem muita ligação entre si.

Esse tipo de abordagem (no melhor estilo “prato feito”), no entanto, raramente dá mais segurança ao candidato que é apresentado ao dito “método perfeito” para ser aprovado no cargo público almejado. Pelo contrário, na maior parte das vezes esses métodos apenas deixam o candidato nervoso - por não atender aos requisitos do “método perfeito” - e mais inseguro, por passar a acreditar que seu próprio método de estudo é insuficiente para lhe garantir a aprovação.

Minha dica, portanto, é bem simples: não existe método  de estudo perfeito e universal para a aprovação em concurso público.

Cada pessoa possui uma rotina de estudos que se adapta melhor a seu perfil, com mais ou menos horas de estudo, com mais ou menos repetições para a fixação do conteúdo.

E para afirmar isso, me baseio em meu exemplo. Fui aprovado no primeiro concurso para o cargo de Juiz de Direito que fiz, junto ao TJRS. Para tanto, estudei ao longo de aproximadamente 02 (dois) anos, com uma rotina de estudos baseada principalmente na leitura de livros de doutrina especializada para concurso, além de informativos de jurisprudência organizados pelo Dizer o Direito, estudando quase que exclusivamente no período da manhã (entre 4 e 5 horas diárias) e sem estudar nos finais de semana. Raramente eu estudava no período noturno, já que trabalhava das 12h às 19h como assessor no TJPR e, em virtude disso, chegava exausto em casa à noite. Durante os finais de semana, aproveitava meu tempo com a família e com minha então namorada (hoje minha esposa), sendo que esse tempo de lazer me proporcionava muito mais proveito nas “horas úteis de estudo” que tinha durante a semana.

Basicamente, o fato de ter bem demarcados um tempo para o estudo e outro tempo para o lazer/descanso fez com que eu efetivamente aproveitasse as horas de estudo para sua função, sem que, durante elas, ficasse pensando no que poderia fazer para me divertir.

Meu método pessoal, como se vê, contraria o que os métodos universais e prontos afirmam, pois não me submeti a uma rotina exaustiva de 07 ou 08 horas de estudo diárias e sem intervalos e, mesmo assim, obtive a aprovação em meu primeiro concurso para a magistratura.

Com isso, não quero dizer que aqueles que conseguem estudar 07 ou 08 horas diárias estão errados (não estão - continuem assim, se estão adaptados à rotina), mas sim dar segurança àqueles que não conseguem se submeter a tais rotinas mais intensas para continuarem estudando por seu método, mesmo que não seja compatível com os “métodos milagrosos e universais”.  A eficácia de sua rotina de estudos somente deve ser questionada se, após algum tempo, ela não produzir frutos, e não porque ela não é igual ao “método universal e dito infalível” de aprovação.

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